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Entrando nos trilhos

O bairro dos carros agora terá metrô e também aposta nos BRTs, ônibus com faixas exclusivas

Por Paulo Vasconcellos
Atualizado em 5 jun 2017, 14h45 - Publicado em 21 nov 2011, 16h55
Obras da Linha 4 do metrô, que vai ligar a Zona Sul ao Jardim Oceânico, porta de entrada da Barra da Tijuca, e, abaixo, como vai ficar o trem: o sistema deve estar pronto em 2015 e transportará cerca de 240?000 pessoas por dia
Obras da Linha 4 do metrô, que vai ligar a Zona Sul ao Jardim Oceânico, porta de entrada da Barra da Tijuca, e, abaixo, como vai ficar o trem: o sistema deve estar pronto em 2015 e transportará cerca de 240?000 pessoas por dia (Redação Veja rio/)
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O repórter aéreo Genilson Araújo tem todos os dias uma visão privilegiada do caos que é o trânsito da Barra da Tijuca. Do helicóptero do Sistema Globo de Rádio, um Robinson R22, ele transmite há mais de vinte anos cerca de trinta boletins diários com informações geralmente desalentadoras para os ouvintes que andam de carro pelo bairro. “O trânsito da Barra é realmente infernal”, diz Genilson. “A confusão atinge toda a cidade, mas só na Barra a gente experimenta a angústia de não poder ajudar muito as pessoas a se livrar dos engarrafamentos. Não há escapatória.”

Pela Avenida Ayrton Senna, via de acesso à Linha Amarela, que liga a Barra à Zona Norte, circulam 168?000 veículos por dia. Pela Autoestrada Lagoa-Barra, ligação com a Zona Sul, outros 109?000. Na principal via de circulação do bairro, a Avenida das Américas, o volume chega a 135?000 automóveis. E nas avenidas Armando Lombardi e Ministro Ivan Lins, um pequeno trecho de 2,5 quilômetros entre a Avenida das Américas e a autoestrada, são 176?000 todo dia. Tais números fazem com que os nós no trânsito sejam mesmo inevitáveis (veja a ilustração). “Antes, os pontos críticos ficavam apenas na saída e na entrada da Barra. Agora, por causa do aumento da oferta de emprego no bairro, há congestionamento em todos os cantos”, analisa Ricardo Lemos, diretor de desenvolvimento da Companhia de Engenharia de Trânsito da Prefeitura do Rio (CET-Rio). A empresa implantou recentemente no bairro o sistema de vias reversíveis e aumentou o número de operadores de tráfego para minimizar o problema. No ano que vem, instalará um sistema de controle de tempo dos sinais adaptado ao fluxo de veículos, operação monitorada remotamente por meio das imagens de 24 câmeras de vídeo. “A solução para a Barra da Tijuca não é de trânsito, mas de transporte”, afirma Lemos.

Não existe no Brasil outro bairro com tantos automóveis por habitante. Eram 700 para cada 1?000 moradores há dez anos, de acordo com estudos da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ (Coppe). Hoje, a estimativa é a de um carro para cada pessoa na Barra. São, portanto, quase 300?000 veículos disputando espaço, faixa a faixa, nas pequenas vias internas dos condomínios e nas principais ruas do bairro: a Avenida das Américas, com 40 quilômetros de Guaratiba até a Lagoa-Barra, a Linha Amarela, via expressa de 25 quilômetros, a Avenida Ayrton Senna, com 5 quilômetros entre a orla e a Linha Amarela, e a Avenida Lucio Costa, que percorre 15 quilômetros beirando a praia, até o Recreio dos Bandeirantes.

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“É muito carro para pouca rua”, resume Ronaldo Balassiano, professor de engenharia de transportes da Coppe, morador do Recreio, bairro contíguo. A viagem de 34 quilômetros entre a porta de casa e o estacionamento da universidade, no Fundão, que não passava de trinta minutos nos anos 90, agora só se dá no mesmo tempo quando ele acorda antes do amanhecer, sai às 6h20, chegando à faculdade por volta das 7 horas. Conforma-se em dedicar as duas horas livres, antes do início da primeira aula, às 9 horas, para revisar teses de mestrado e atender alunos. Ou é isso, ou é viver 120 minutos preso em engarrafamentos.

Uma promessa de alívio está a caminho. Mil e duzentos operários em quatro frentes já escavaram 1?326 metros de túneis da Linha 4 do metrô, entre a Barra e a Zona Sul, obra estimada em 5 bilhões de reais. Serão 14 quilômetros de extensão e seis estações. Os cálculos mostram que 240?000 pessoas usarão diariamente o novo meio de transporte quando as obras ficarem prontas, em 2015. O trajeto de 30 quilômetros entre o bairro e o Centro, que hoje leva de uma hora e meia a duas, vai durar cerca de 35 minutos. Um estudo feito pela Fundação Getulio Vargas estima uma redução de 2?000 automóveis nas horas de pico após a implantação dos trens. Para o sistema como um todo, a expectativa é uma redução de aproximadamente 40% nas viagens de carro.

Também é muito aguardado o Ônibus de Trânsito Rápido, BRT na sigla em inglês de Bus Rapid Transit. O sistema criará três corredores exclusivos: a Transoeste, ligação a outros bairros da Zona Oeste, com cerca de 56 quilômetros e custo de 800 milhões de reais; a Transcarioca, para a Zona Norte, orçada em 1,3 bilhão de reais; e a Transolímpica, do Recreio ao subúrbio, com valor estimado em edital de 1,6 bilhão de reais. “Abrir vias e ruas é uma iniciativa importante, mas não resolve todos os problemas sem que haja uma mudança de cultura na cabeça das pessoas. Na Barra, usa-se carro até para ir à esquina”, lamenta o subprefeito da região, Tiago Muhamed.

confira os trechos em que o transito da Barra empaca clicando na imagem abaixo

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