A concessionária MetrôRio está propondo ao governo do estado concluir as obras da estação da Gávea e reduzir a tarifa em troca do aumento do tempo de concessão em dez anos e da unificação do contrato das Linhas 1 (Tijuca—Ipanema) e 2 (Pavuna—Estácio) ao da Linha 4 (Ipanema—Barra). Segundo o jornal O Globo, esta é uma discussão burocrática, que vem sendo travada sem alarde, através de e-mails e ofícios, desde o início do ano. As obras da Linha 4 já custaram cerca de 9 bilhões de reais e estão paradas há sete anos. Desde então, o tatuzão empregado nas escavações permanece parado numa caverna debaixo da Rua Igarapava (alto Leblon) aguardando a conclusão dos 1.256 metros que faltam para interligar a Gávea à Estação Antero de Quental, no Leblon. A manutenção do equipamento custa cerca 1 milhão de reais por mês.
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Nos documento, consta que a MetrôRio, responsável hoje pelas Linhas 1 e 2, quer assumir a concessão da Linha 4, da Rio Barra-CRB. Como contrapartida da unificação dos contratos, a concessionária se propõe a investir 600 milhões de reais para terminar a estação da Gávea, cujas obras estão paradas desde 2015, e a reduzir a tarifa cheia, hoje de R$ 6,90, em R$ 0,40. As concessões terminam em 2036 (Linha 4, conforme aditivo de 2012) e em 2038 (linhas 1 e 2, na renovação em 2007).
O governo publicou, na última segunda (21), resolução conjunta — dos titulares da Secretaria de Transportes, da Riotrilhos, da Procuradoria-Geral do Estado e da própria MetrôRio — instituindo grupos de trabalhos para analisar a viabilidade jurídica, econômica e técnica de engenharia da proposta de retomada das obras da Estação da Gávea. Também há a intenção de contratar uma empresa para fazer a modelagem necessária à operacionalização unificada das linhas de metrô.
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Segundo o jornal, num dos documentos encaminhados ao governo em que pede a unificação dos contratos, a MetrôRio diz que “o imbróglio jurídico, contratual, operacional e regulatório que envolve a Linha 4 constitui hoje o principal entrave ao desenvolvimento do sistema metroviário do Estado do Rio”. Em outro trecho, afirma que “todo esse cenário de insegurança jurídica, somado à pandemia provocada pela Covid-19, fez com que o sistema metroviário estadual experimentasse a maior crise de sustentabilidade econômico-financeira de sua história”.
A concessionária da Linha 4 é a Rio Barra, mas quem opera o trecho é a MetrôBarra, dos mesmos sócios da MetrôRio. O grupo que controla as duas empresas (MetrôRio e MetrôBarra) saiu, no fim de 2021, das mãos da Invepar — holding de infraestrutura de transportes dos fundos de pensão Previ, Funcef e Petrus — para as da Hmobi, que tem 51,5% das ações nas mãos do fundo árabe Mubadala. Segundo fonte do jornal, enquanto as linhas 1 e 2 dão lucro, a 4 vem dando prejuízo. Quanto a gastos, a proposta cita que MetrôRio e MetrôBarra já aplicaram 1 bilhão de reais na Linha 4.
Por e-mail, o estado garante que houve avanços nos estudos para a retomada das obras da Estação da Gávea. E que os grupos de trabalhos criados “deverão avaliar a situação e construir uma solução viável dos pontos de vista jurídico, econômico e de engenharia.” O passo seguinte, segundo a nota, “será submeter a proposta definida aos órgãos de controle: Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Ministério Público (MPRJ), que estão acompanhando os trâmites”. Quanto à proposta apresentada pela MetrôRio, informa que não há prazo pré-estabelecido para a conclusão dos estudos.
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A MetrôRio informa que “tem mantido tratativas com o governo do estado com vistas a ajudar a encontrar alternativas para a retomada dos investimentos no sistema metroviário estadual, paralisados desde 2016”. Já o presidente da Associação de Moradores da Gávea (AmaGávea), René Hasenclever, defende que a entidade tenha voz nos debates sobre a retomada das obras da estação do metrô no bairro. O advogado da AmaGávea já encaminhou oficio ao governo, pedindo que a associação tenha representante nos grupos de trabalho.