Com 60 anos de idade completados em junho e uma saúde de ferro, Rico de Souza é uma das personalidades mais emblemáticas do Rio. Nascido no Leblon, Rico foi precursor do surfe profissional no país e viu o esporte se desenvolver nas ondas do Arpoador. Nas areias de Ipanema, viu o Píer ser construído, em 1972, e ficou amigo de Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil durante os verões em que o espaço reuniu artistas, surfistas e a juventude da época. Atrás das melhores ondas, Rico percorreu o mundo e conheceu paraísos como as Ilhas Maldivas, mas diz nunca ter visto nada igual ao Rio. São tantas histórias para contar que decidiu fazer um documentário sobre sua vida, previsto para ser lançado no final de 2012. Veja abaixo as dicas do surfista para curtir o Rio.
Qual é o seu refúgio preferido na cidade?
São as praias, é claro. Eu tenho muita identificação com o mar, é o lugar onde me encontro espiritualmente, faço exercícios e relaxo. Sou muito ligado à saúde, boa alimentação, necessito pegar onda diariamente, é dessa forma que me sinto feliz.
E seu bairro preferido? Que qualidades ele tem?
Nasci no Leblon, e sempre peguei onda no Arpoador. Mas, com o crescimento da cidade, senti necessidade de me mudar e hoje moro no Recreio. É meu lugar preferido, tem segurança, uma geografia linda e ritmo pacato. Todas as atividades que faço ficam concentradas aqui.
Você gosta de uma comida saudável. Que restaurantes indica?
São três casas que gosto muito. No Azzurra, no Shopping Rio Design Barra, levo a família para jantar. No mesmo shopping tem o Apreciatti, um bufê ótimo e preço justo. Também indico o Natural do Recreio, onde encontro meus amigos do surfe. Lá, existe uma grande variedade de pratos saudáveis e ótimas combinações, como o frango com aipim.
E quando quer tomar um bom suco, onde vai?
No Rico Point, na Praia da Macumba. É meu quiosque e lá temos comida natural, sucos feitos com frutas fresquinhas. Não vendo bebida, nem cigarro, e nada que não seja bom para saúde. O carro-chefe é o açaí misturado com frutas.
Qual a melhor praia da cidade?
É difícil escolher só uma. Gosto demais da Macumba, Prainha e Grumari. Para pegar onda, são super bem frequentadas, encontro amigos surfistas, artistas, é como se fosse uma grande família. Frequento as três desde pequeno, e prefiro a temporada que vai de março a novembro. No verão fica cheio demais, então vou muito cedo ou no final da tarde.
Que paisagem carioca te traz boas lembranças?
Como bom carioca, amo essa cidade. Já viajei pela Austrália, Indonésia, Nova Zelândia, fui a praias maravilhosas da Califórnia e Havaí, mas nunca vi nada igual ao Rio. Somos privilegiados. Mas, como eu nasci na Rua João Lira, no Leblon, gostava de admirar o Morro dos Irmãos. Quando o vejo, ele me remete à infância, tenho um lado saudosista do Rio de antigamente.
E um passeio que goste de fazer com os amigos?
Uma dica é remar de stand up paddle na lagoa de Guaratiba. Faço isso desde os anos 70, quando tive uma oficina de carros por lá. Depois, uma boa ideia é seguir para o restaurante da Tia Palmira ou do Bira, apreciar a vista da região e comer frutos do mar.
Você viaja bastante para surfar. Quando está fora do Rio, do que sente mais falta?
Gosto da minha vida cotidiana aqui. Sinto falta da minha família, do Rico Point, onde encontro os amigos, e do meu cachorro.
E o que te irrita na cidade?
Não sou um cara irritado, mas acho que a cidade cresceu de forma desordenada. Vou ao Havaí desde 1972 e lá você vê que a natureza foi preservada. Os cidadãos da ilha tem voz ativa e discutem a expansão urbana. Não sou contra o progresso, mas hoje a conexão entre a Barra e a Zona Sul é um caos, as nossas ruas não conseguem mais suportar o fluxo. Saio somente em horários alternativos para escapar do rush diário.
Você sente saudades do Rio dos anos 70?
Sinto. Quando criança, jogava bola na rua, não tinha violência. A época do Píer de Ipanema, no início da década de 70, também me deixa nostálgico. Em frente à Rua Teixeira de Mello, a gente ia praia e encontrava Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa. Tomo mundo ia para lá, um tempo inocente, que não volta.