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Ministério Público descobre plano para forjar flagrante contra Paes

Investigações mostram que delegado Maurício Demétrio armou falsa entrega de dinheiro para o prefeito, durante campanha

Por Da Redação
12 set 2022, 14h54
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes fala durante cerimônia de posse do secretariado. Ele está gesticulando com as mãos e usa óculos. Está vestindo paletó escuro com camisa clara e gravata avermelhada.
Eduardo Paes:  (Tomaz Silva/Agência Brasil)
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O delegado Maurício Demétrio tentou armar um flagrante de entrega de dinheiro ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, quando ele disputava o segundo turno das eleições, em 23 de novembro de 2020, usando um aliado para acionar a Polícia Federal. A ideia – de acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especializada em Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ), que levaram às prisões e Demétrio e do ex-secretário estadual de Polícia Civil, Allan Turnowski -, era prender Paes. Na denúncia da operação Águia da Cabeça, o Gaeco classifica de “ato gravíssimo” a tentativa de atribuir ao prefeito o recebimento de uma quantia de caixa dois, cujo valor não chegou a ser apurado pelos investigadores.

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Ao tomar conhecimento das tentativas de flagrante forjado contra ele, no fim de semana, o prefeito cobrou um pronunciamento do governador Cláudio Castro (PL) sobre o caso: “Tá na hora de o governador parar de querer parecer o bonzinho né? Tem um conjunto de coisas acontecendo desde o governo Witzel... isso é uma máfia e está na hora de o governador tomar alguma atitude, ou então ele está mostrando que é líder desse negócio”, disse Paes.

Em nota, o governador Cláudio Castro afirmou que “sua experiência com Allan Turnowski está descrita nos números positivos alcançados na segurança pública enquanto o ex-secretário esteve no comando da Polícia Civil. Prova disso é que o Estado do Rio de Janeiro registra os menores índices de homicídios dos últimos 30 anos e vem, mês a mês, apresentando quedas dos principais indicadores criminais, que refletem em mais segurança para a população”. Depois, ao ser abordado no Rock in Rio, Castro, voltou a comentar a declaração de Eduardo Paes. “Eu entendo a revolta do prefeito. Acho que ele está tomado pela emoção das notícias, é dia de Rock in Rio…Eu duvido que ele realmente pense isso. Ele sabe muito bem que não estou envolvido em nada e além de tudo tem que esperar as investigações. Nem toda denúncia é verdadeira”, afirmou. Sobre a prisão recente de Turnowski, seu ex-secretário e candidato a deputado federal pelo seu partido (PL), o governador disse que está nas mãos do Ministério Público e que nada do que está se falando sobre o caso tem relação com seu governo.

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Segundo o jornal O Globo, dados obtidos pela quebra de sigilo de 12 aparelhos celulares, apreendidos com Demétrio no ano passado, também comprovaram o planejamento de alguma medida investigativa em março do ano passado, novamente para atingir Eduardo Paes, que naquela ocasião estava cotado para disputar a sucessão do governador Cláudio Castro (PL), em chapa com o ex-presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. No segundo episódio, de acordo com a denúncia do MPRJ contra os dois delegados, Demétrio cogitou, em conversa com Turnowski, então secretário de Polícia Civil, atingir Paes com o uso de um inquérito já em andamento na 5ª DP (Mem de Sá). Turnowski respondeu que deveriam aguardar o inquérito avançar, mas que iria “olhar”.

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Já para convencer delegados federais a montar uma operação contra o então candidato, um preposto de Demétrio, identificado na denúncia como o advogado Thalles Wildhagen Camargo, chega a encaminhar uma foto do dinheiro à PF. Mas a investigação apurou que a foto foi feita na casa de Demétrio. Um dos delegados da PF acionados à época, Victor Cesar Carvalho dos Santos, em depoimento ao MP-RJ, disse que a Polícia cogitou fazer uma operação contra Eduardo Paes, mas não chegou a sair da base porque considerou as provas insuficientes. Mais tarde, ao descobrir que Demétrio estava na origem da denúncia, desistiu de vez de apurar o caso, em decorrência da falta de credibilidade do delegado estadual.

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