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Monique Benoliel comanda o principal bufê da cidade

Responsável pela comida consimida nos principais eventos de grande porte, como Rock in Rio, Copa e JMJ, a banqueteira irá preparar 4 000 jantares no Réveillon

Por Fabio Codeço
Atualizado em 2 jun 2017, 12h49 - Publicado em 26 dez 2014, 20h15
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    Há duas semanas, um quadro pregado na parede mostrava os 23 trabalhos agendados até o Carnaval. A lista ia da ceia de Natal na casa do procurador de Justiça Márcio Mothé ao cardápio de quatro camarotes na Marquês de Sapucaí. Responsável também pela bebida e pela comida servidas nos bastidores das duas últimas edições do Rock in Rio, em 2011 e 2013, da Jornada Mundial da Juventude e da Copa do Mundo, a banqueteira Monique Benoliel está por trás dos principais eventos de grande porte da cidade. Só nesta quarta (31), durante a noite da virada, sua equipe comandará oito festas simultâneas de réveillon, uma delas em Angra dos Reis. Ao todo, serão elaborados 40 000 canapés e 16 000 pratos para alimentar 4 000 comensais. “Não há ninguém no Rio preparado para atender a esse volume como nós”, afirma, sem falsa modéstia.

    Sua estrutura, de fato, impressiona. Num imóvel de 300 metros quadrados na Barra, o Q.G. da chef Monique, ela mantém uniformes, utensílios, fornos, câmaras frigoríficas e louças com autonomia para atender até 800 pes­soas. Pode não parecer, mas é pouco para quem produz uma média de sessenta eventos por mês e já chegou a alimentar 25 000 comensais num único dia — isso foi durante a inauguração do New York City Center, em 1999. Trabalham no bufê 25 funcionários fixos, chefiados no estilo linha-dura por Monique. “Ela é um tanque de guerra. Fica atenta aos mínimos detalhes, é muito severa e distribui bronca quando é preciso”, diz Pedro Benoliel, um de seus três filhos e braço-direito no negócio. Não poderia ser diferente. É preciso pulso firme quando sob sua responsabilidade chegam a trabalhar 900 pessoas ao mesmo tempo, como aconteceu durante a Jornada Mundial da Juventude, no ano passado. Na ocasião, ela enfrentou um dos maiores momentos de stress de sua carreira. Às pressas, por causa das chuvas e da mudança do local do evento, teve de contratar doze caminhões para transportar de Guaratiba a Copacabana tudo o que havia sido preparado.

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    Os grandes desafios fazem parte da história da cozinheira desde o começo da carreira nesse ramo, há 22 anos. Ex-co­mer­cian­te na área de moda, tendo trabalhado como supervisora das lojas Blue Man, Yes Brasil e Salinas, ela herdou da família certo talento para a cozinha. Mas foi numa reunião doméstica em 1993 que uma amiga se encantou pelos seus quitutes e convenceu Monique a produzir as comidinhas do casamento de seu enteado, para nada menos que 400 pessoas. Embora relutante, sem nunca ter feito nada para tanta gente, ela acabou aceitando. Ligou para Mário Andrade, dono da Casa dos Sabores à época, e pediu ajuda. “O convidado mais simples era Jô Soares”, contou, entre risadas, com sua fala acelerada e uma voz grave, talvez efeito dos muitos cigarros que fuma. Andrade, a primeira mola propulsora do Buffet Monique Benoliel, no entanto, acabou virando desafeto. “Ele teve ciúme do meu crescimento e não foi legal comigo”, diz ela. Responsável por grandes inovações no mercado de banquetes, ele rebate: “Ela subiu no meu rastro. Copiou-me e depois foi desleal”.

    Desavenças à parte, meses depois do tal casamento, Monique já estava preparando a comida servida no backstage do Hollywood Rock de 1994, no Rio e em São Paulo. E não parou mais. Hoje, a empresária mantém uma gorda carteira de clientes que inclui políticos, celebridades e gente da alta sociedade. A atriz Flávia Alessandra, para quem já fez uma dezena de festas, inclusive o casamento com o ator Otaviano Costa, não economiza elogios: “Ela é enérgica, sincera, emotiva e desbocada! Admiro muito essa mulher e confio que tudo vai dar certo”. O segredo para dar certo está justamente na organização, e numa dose de jogo de cintura também. “Tem de ter uma pré-produção muito benfeita e saber lidar com as expectativas do cliente. Aprendi que a gente não ouve, não vê e não fala”, diz a cozinheira, que cobra a partir de 150 reais por pessoa em suas festas. Nessa trajetória, Monique se gaba de ter lançado algumas tendências, seguidas por outros bufês. Entre elas, os canapés frios e as minipor­ções. A batatinha calabresa recheada de cream cheese que virou sensação em dez entre dez festas também é, segundo ela, mais uma de suas invenções. 

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