Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água – dia 22 de março -, toneladas de peixes mortos chegaram às areias da Praia da Barra da Tijuca nesta quinta (24). Segundo o biólogo Mario Moscatelli, são cerca de 6 toneladas de tainhas, robalos, carapicus e sardinhas que ficaram sem oxigênio depois que a ressaca remexeu o “fundo pútrido” das lagoas do bairro e de Jacarepaguá, tomadas por sedimentos, lixo e esgoto. Uma vez mortos, eles acabam sendo levados para as praias dos Amores e da Barra, junto do Quebra-Mar. A Comlurb informou ao Globo ter coletado cerca de uma tonelada e meia de peixes mortos só na Praia da Barra na manhã de quinta (24).
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“Tenho quase certeza de que as pessoas vão pôr a culpa na natureza, mas a ressaca é até boa porque renova a água pútrida das lagoas. Houve aqui um desastre ecológico, um extermínio em massa”, disse Moscatelli, ao site de Lu Lacerda. Segundo ele, ao longo dos 30 anos em que acompanha a situação das águas da Barra, isso já aconteceu cerca de 15 vezes, e nunca os culpados foram encontrados ou punidos.
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O biólogo explicou que a mortandade é fruto da degradação provocada pelo crescimento urbano desordenado e pela falta de saneamento universalizado. Assim, diz ele, as bacias hidrográficas acabam transformadas em valas de esgoto. E, quando acontece uma ressaca, as águas do mar remexem o fundo das lagoas, o que elimina metano e gás sulfídrico, além de consumir o pouco oxigênio ainda existente ali, o que mata os peixes. Eles percorrem o Canal da Joatinga e, assim, chegam à praia.