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Das escolinhas à carreira profissional, mulheres impulsionam o futevôlei

No entanto, a incursão feminina no esporte ainda enfrenta preconceitos

Por Cinthia Guimarães, João Pedro Passaline, João Pedro Rocha e Pedro Luiz Meireles*
Atualizado em 15 fev 2024, 12h15 - Publicado em 15 fev 2024, 12h15
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Pamella Leobons: professora nunca imaginou que poderia viver do futevôlei (Reprodução/Instagram)
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Criado nos anos 1960, nas areias de Copacabana, o futevôlei vem sendo impulsionado pela adesão crescente das mulheres, como se observa nos jogos e escolinhas ao longo da orla do Rio. De acordo com a avaliação de professoras e praticantes da modalidade, a incursão feminina se explica por diversos motivos, entre eles a vontade de praticar um esporte conectado com a praia até a valorização das atividades ao ar livre na retomada da vida pós-pandemia.

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Uma pesquisa do Ibope Repucom realizada em 2022 revelou que quase 50 milhões de brasileiros, entre homens e mulheres, adultos e crianças, se interessam pelo futevôlei. O país ultrapassa, oficialmente, os 500 mil praticantes. O salto decorre, entre outros fatores, da corrida aos esportes a céu aberto como alívio aos impactos físicos, mentais e sociais da crise sanitária. Alinhada ao aumento dos torneios, da projeção midiática e do profissionalismo, a popularização do futevôlei é embalada pelo público feminino.

Professora e gerente do CT Natalia Guitler, na Barra, Pamella Leobons conta que começou a praticar o esporte para se divertir e, com o tempo, percebeu que poderia se tornar atleta. “Comecei jogando de forma casual, depois fiquei uma fase tentando ser atleta. Aí aceitei o convite para trabalhar com o esporte. Eu me encontrei, apesar de nunca ter pensado em viver do futevôlei. Hoje é minha principal fonte de renda”, anima-se.

O Rio se consolida como um dos grandes polos de futevôlei, reunindo centenas de escolinhas em praias, praças, condomínios, além de acolher competições nacionais e internacionais. Em compasso com a cultura carioca, esse mercado em expansão se expressa na escalada de mulheres iniciantes no esporte. Algumas sonham em seguir carreira, se desenvolver e exibir habilidades de craque. Outras só querem brincar na companhia da brisa marítima.

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O ponto negativo é a discriminação que ainda ronda a participação feminina no esporte. Atraída pela vontade de se exercitar na praia, a estudante Luiza Lima, de 17 anos, se matriculou na escolinha Ativa Futevôlei, na Barra, e nota claramente o preconceito de gênero. “Muitas meninas fazem aula comigo. Algumas delas ainda estão começando, então o nível naturalmente fica um pouco abaixo. Por isso, várias vezes noto certa discriminação dos homens que participam da aula com a gente”, relata.

A maioria das jogadoras – iniciantes ou experientes – tem menos pretensão de virar atleta profissional. Para elas, o importante é conciliar diversão e bem-estar. Além dos benefícios físicos, o esporte favorece a integração entre alunas e professoras.

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A sociabilidade característica das aulas e partidas de futevôlei ajuda a atrair novas praticantes. É o caso de Anna Julia Lanaro, 20 anos, frequentadora do Team Águia, também na Barra. “Os treinos não são só um momento de aprendizagem, mas também de troca. Tanto os professores quanto os alunos transmitem uma energia de conexão uns com os outros, principalmente entre as mulheres. Isso deixa os treinos mais leves, divertidos, o que acaba influenciando os alunos”, ressalta.

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O amadurecimento do esporte se reflete numa proeminência verde e amarela nas principais competições globais. O Mundial de Futevôlei de 2023, por exemplo, foi decidido por brasileiros. Na final feminina, Lane e Ray superaram as bicampeãs mundiais Natália e Vanessa, conquistando o World Footvolley pela primeira vez. Na final masculina, Tavinho e Amaury faturaram um título inédito. Pamella, do CT Natália Guitler, orgulha-se do domínio brasileiro, mas pondera que o desequilíbrio pode dificultar a ascensão a modalidade olímpica.

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“Apesar de se desenvolver muito, ainda deve demorar pro futevôlei se tornar um esporte olímpico. Os outros países estão bem abaixo do Brasil. Israel é o que chega mais perto. Além disso, o futevôlei profissional enfrenta brigas políticas. Mas tem crescido bastante, com mais mulheres praticando a cada ano”, avalia. Devagarzinho, a gente chega lá.

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*Cinthia Guimarães, João Pedro Passaline, João Pedro Rocha e Pedro Luiz Meireles, 

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