TEATRO
O Bom Canário. Em cartaz no Teatro Poeira, a elaborada trama do dramaturgo americano Zach Helm conduz o espectador por surpresas sutis. As impressões da plateia sobre alguns dos sete personagens em cena mudam no decorrer da encenação. São figuras centrais no drama o promissor romancista Jack, que conquista sucesso repentino com um livro, e sua mulher, a também escritora Annie, cuja carreira é prejudicada pela dependência química. Embora o problema com as drogas não seja a essência do espetáculo, o autor não se furta a mostrar seus efeitos danosos no convívio mais íntimo do casal e em suas relações profissionais. Fora de si, Annie faz escândalo diante de críticos, donos de editoras e do agente do marido. Não há saída, é o que aponta francamente o texto de Helm, em encenação despida de exageros pelos diretores Rafaella Amado e Leonardo Netto. No elenco entrosado, sobressaem os protagonistas Joelson Medeiros e Flávia Zillo. Saiba mais na coluna Teatro.
EXPOSIÇÃO
Nan Goldin. Alvo de polêmica antecipada, a mostra da fotógrafa americana não é um simplório atentado contra os bons costumes, tampouco um programa aconselhável para menores de idade ? placas no Museu de Arte Moderna indicam isso. Nas ousadas imagens de Heartbeat, a artista faz antropologia entre amigos e personagens do submundo. Crianças nuas, razão da celeuma, aparecem em dois dos três slide-shows exibidos, mas em situações prosaicas. Há mais provocação nos momentos afetivos dos cinco casais de Pulsação: eles passam do carinho ao sexo em narrativa embelezada pela música do inglês John Tavener, interpretada pela cantora Björk e pelo conjunto de cordas Brodsky Quartet. Balada da Dependência Sexual vai além, embaralhando fotos de festas, túmulos, consumo de drogas, pessoas machucadas. Curiosamente, os retratos de drag queens em O Outro Lado são menos explícitos. Uma seleção mais leve completa a visita: são as quinze impressões da bela série Paisagens. Saiba mais na coluna Exposições.