Desde 1991, ano da publicação da primeira edição de VEJA RIO, muita água rolou no cenário gastronômico da cidade. Ingredientes foram descobertos pelos cariocas (e alguns caíram no esquecimento), novas receitas conquistaram fãs, estabelecimentos fincaram suas bandeiras e chefs ajudaram a criar um estilo próprio da culinária local. Saiba o que surgiu (e o que saiu de moda) nesses últimos 25 anos.
Patrimônio carioca
Aberto por Fernando de Lamare em 1984, o Gula Gula expandiu seus domínios nos anos 90. Com um cardápio leve, a casa institucionalizou a dobradinha quiche com salada, recebeu diversos prêmios e caiu no gosto popular.
Boteco de cara nova
Com forte influência portuguesa, a comida de botequim renovou-se em receitas e apresentações caprichadas. As instituições boêmias ganharam banho de loja e retoques no cardápio. A rede Belmonte foi pioneira na onda de “pés-limpos”.
Toque franco-carrioca
Radicado no Rio desde 1979, o francês Claude Troisgros ajudou — junto com nomes como Laurent Suaudeau e José Hugo Celidônio — a moldar a gastronomia local. Não perdeu o sotaque, mas incorporou às receitas ingredientes nativos que, aliados a técnicas francesas, criaram uma marca própria. Em 1991, VEJA RIO avaliou o Chef’s Bistrô, seu restaurante mais informal. Hoje, ele comanda seis casas, além de estrelar programas de TV.
Invasão amazônica
No início dos anos 90, o açaí, fruto energético originário do Pará, virou moda entre a galera do jiu-jítsu. No verão de 1996 e no de 1997, a mania chegou às praias, conquistou os jovens e esportistas e espalhou-se pelas casas de suco. Hoje o açaí é encontrado até em receitas chiques.
Mania de bolinho
O quitute ganhou os mais diversos recheios. Até um dos nossos pratos mais icônicos, a feijoada, virou bolinho pelas mãos de Kátia Barbosa, em 2008. Mundialmente famoso, o carro-chefe do Aconchego Carioca é amplamente copiado em outros balcões.
Pé no Oriente
O paladar carioca foi seduzido pelo sabor do peixe cru na década de 90. Balcões de sushi eram um sucesso explosivo na cidade e os rodízios japoneses, cada vez mais comuns. No fim de 2006, a abertura do Koni Express impulsionou o fenômeno das temakerias, que se multiplicaram rapidamente.
Clássicos revisitados
Várias receitas tradicionais ganharam releituras nas mãos dos chefs estrelados. Felipe Bronze fez sua versão do sanduíche do Cervantes, Roberta Sudbrack reapresentou o picadinho e Pedro Artagão surgiu com uma salada caprese líquida.
A febre dos importados
Em 1994, a liberação dos importados no Brasil abriu caminho para novos ingredientes, até então raros por aqui. O kani, hoje tão desprezado, era vendido em pacotinhos como uma verdadeira iguaria. Popularizado pelos restaurantes italianos, o tomate seco também teve dias de glória, tratado como coisa fina à mesa.