Na lista dos quinze melhores aeroportos brasileiros avaliados em pesquisa de satisfação com passageiros, divulgada na última semana de janeiro pela Secretaria de Aviação Civil, o Galeão não conseguiu sequer figurar entre os dez primeiros. Na verdade, aparece entre os últimos do ranking, à frente apenas dos terminais de Cuiabá (MT) e Salvador (BA). Entre os indicadores de serviço considerados ruins por quem passa por ali foram apontados o conforto acústico, o custo elevado do estacionamento, as lanchonetes e os restaurantes. É um cenário nada abonador para um complexo que, em agosto, deve receber um aumento de 1,5 milhão de passageiros com a realização dos Jogos Olímpicos. O público pode não perceber ainda, mas uma observação mais atenta revela mudanças significativas: o ar-condicionado está funcionando e as opções de café e lanchonete já melhoraram bastante. Problemas crônicos como as filas arrastadas no check-in, esteiras, escadas rolantes e elevadores enguiçados têm também data para acabar. Mais precisamente no mês de abril, quando será concluída a remodelação dos terminais. “Estamos seguros de que a partir de maio a avaliação será completamente diferente. Só pedimos um pouco mais de paciência, e todos terão orgulho de usar este aeroporto”, afirma Luiz Rocha, presidente da concessionária RIOgaleão, que administra o complexo desde agosto de 2014. “Em breve, vamos dispor de uma infraestrutura de primeira linha, compatível com a dos melhores terminais do mundo”, garante.
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Para atingir o objetivo, foi injetado um total de 2 bilhões de reais na reforma, sendo que a concessionária já entregou, no mês passado, a primeira das grandes intervenções em andamento: quatro dos sete pavimentos de estacionamento do edifício-garagem, com sistema automatizado de disponibilidade de vagas, comum em shopping centers. Na área do aeroporto, 7 000 operários trabalham a todo o vapor, em dois turnos, para cobrir 24 horas de jornada diária. Grande parte deles atua na construção do Píer Sul, uma espécie de expansão do Terminal 2, que está em sua reta final e dispõe de dois andares, numa área de 100 000 metros quadrados. Essa ampliação contará com espaçosos banheiros decorados com plantas desidratadas, esteiras e escadas rolantes, catorze portões de embarque e desembarque e 26 pontes climatizadas de última geração, três delas com possibilidade de acomodar modelos como o Airbus A380, considerado o maior jato comercial do mundo, com capacidade para mais de 500 passageiros. A nova leva vem para somar-se às 32 pontes já existentes nos dois terminais, substituídas por modernos equipamentos de origem espanhola. “A troca desses fingers é mais um dos investimentos que realizamos com o intuito de otimizar os procedimentos e assegurar mais tranquilidade e conforto aos nossos usuários”, explica Rocha.
Como já acontece nos mais modernos aeroportos espalhados mundo afora, como o Gatwick, em Londres, o fluxo de passageiros ficará mais ágil com a instalação de equipamentos que permitirão a checagem automática dos cartões de embarque por meio de scanners de código de barras. No que diz respeito ao conforto dos usuários, mais de setenta lojas, como Café Suplicy, Havanna e Starbucks, já abriram as portas por lá — e outras tantas estão por vir, a maioria nas áreas restritas aos viajantes. Estão previstas filiais da rede de restaurantes Delírio Tropical, do badalado bar Palaphita Kitch e até do tradicional Mosteiro. Outras novidades são um espaço de 6 000 metros quadrados de área vip e a ampliação do Duty Free, além de uma versão dedicada exclusivamente a marcas locais, com produtos à venda com 15% de desconto. “Teremos uma operação de nível internacional, mas com alma carioca. Esse será um grande diferencial”, afirma Sandro Fernandes, diretor comercial da concessionária.
Situado a 20 quilômetros do centro da cidade, o Galeão foi inaugurado em janeiro de 1977 pelo então presidente Ernesto Geisel (1907-1996). Na época foi anunciado como o mais moderno da América Latina. No entanto, logo apresentou problemas nos painéis de informação de voos. Com a abertura do terminal de Guarulhos, nos anos 80, e a transferência maciça de grandes empresas para a capital paulista na década seguinte, o Galeão viu suas dependências esvaziar significativamente. Em meio a altos e baixos na circulação de passageiros e também ao sucateamento de suas instalações, fechou a temporada passada com cerca de 17 milhões de usuários. E pode ir além. Após a conclusão das reformas, o local terá capacidade para atender, confortavelmente, 30 milhões. “Nossa grande ambição é resgatar o orgulho do carioca de viajar e fazer com que passageiros de outros estados escolham o Galeão como porta de entrada e saída do Brasil”, sonha Rocha. A julgar pelas mudanças em curso, já é possível apertar os cintos, porque o aeroporto tem tudo para, desta vez, alçar voo.