Mais de dez anos se passaram – e muitas águas rolaram no Rio – desde o início da construção da nova sede do Museu da Imagem e do Som, na famosa orla de Copacabana. No fim de 2021, as intervenções para finalmente entregar o MIS retornaram e têm previsão de término para este ano. No entanto, a retomada segue a passos lentos e com alguns percalços. Após quase seis anos de paralisação das obras, equipamentos enferrujados foram encontrados no local.
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Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, o relatório da empresa portuguesa Seveme, responsável por importar um material especial para compor o sistema de fachadas e esquadrias, revela que algumas partes dos painéis de cobogó foram destruídas devido à exposição indevida. As estruturas são uma das marcas do projeto do escritório Diller Scofidio, de Nova York, que venceu o concurso de arquitetura promovido para a nova sede do museu. “É notória na maioria dos painéis um acentuado dano causado pelas águas contaminadas e também pela exposição não prevista às condições climáticas”, afirma o documento de 2021.
Corrimãos enferrujados, vidros manchados devido a infiltrações ou quebrados por má conservação também foram apontados pelo relatório. As peças dos painéis não foram trocadas, uma vez que o contrato da Seveme, assinado em 2013, ainda não foi reativado. A responsabilidade dos contratos é das secretarias de Infraestrutura e Cidades (Seic), Cultura e da Fundação Roberto Marinho, parceira no projeto que investiu $ 71 milhões por meio de leis de incentivo fiscal. Outras etapas da obra também são afetadas pela falta de licitação, como a instalação das divisórias acústicas.
O governo estadual não respondeu aos questionamentos da Folha sobre os equipamentos enferrujados e a gestão dos contratos e afirmou somente que “as obras são de grande complexidade” e que as esquadrias e fachadas passarão por limpeza. Segundo eles, estão em andamento também as intervenções nas instalações hidráulicas, elétricas e de refrigeração, além das implantações de revestimentos, sistemas de iluminações, controles e distribuições. “Outras contratações complementares estão sendo feitas, por meio de licitação, com edital e orçamentação em curso, razão pela qual ainda não é possível definir os valores”, afirmou o governo em nota.
Iniciadas em 2010, durante a segunda gestão de Sérgio Cabral, as obras do MIS tinham previsão inicial para o fim de 2012, mas sofreram com atrasos e foram encerradas em 2016. Em dezembro de 2021, o governo de Cláudio Castro entregou à MPE Engenharia, empresa vencedora da licitação, um documento que autorizava o reinício das intervenções. A previsão era que tudo ficasse pronto até o fim de 2022. Ao assumir seu novo mandato, em janeiro deste ano, Castro afirmou que a entrega do museu está entre as prioridades do seu governo e que ainda faltava a conclusão de 18% do processo.
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Atualmente, devido aos atrasos e sucessivos contratos, o projeto já atingiu mais de R$ 190 milhões em compromissos firmados. Vale lembrar que, em 2009, o projeto era estimado em R$ 70 milhões (R$ 124 milhões em valores atualizados). O custo total das obras ainda é incerto. Irregularidades também foram observadas pelo TCE do Rio no pagamento da Compass Build Control, responsável pela fiscalização e monitoramento da retomada da obra. A empresa recebeu os valores como inicialmente previsto – mas a extensão do prazo de conclusão pode impactar em novos custos.
A expectativa é que o prédio, no fim, tenha um primeiro piso com uma livraria e um café e os demais andares com instalações modernas para exposições, seguindo parâmetros dos melhores museus internacionais. Ainda está previsto um restaurante panorâmico no quinto andar e um cinema a céu aberto na cobertura.