Quando criança, Miriam Gomes, de 54 anos, escutou muito dos pais, Edmundo e Olga, que era preciso ajudar os necessitados. Mais que isso, foi testemunha de várias ações solidárias do casal. Cresceu e resolveu seguir a mesma cartilha. A primeira iniciativa se deu quando ela trabalhava como técnica de enfermagem e atendente de telemarketing. Miriam reservou parte de seus ganhos durante um ano e comprou 500 brinquedos para doar a crianças de uma instituição de caridade. “Cheguei lá, na manhã do dia de Natal, e um segurança me informou que não era dia de visita. Saí distribuindo pela rua. Até que uma menina contou que a mãe tinha dito que o Papai Noel estava doente. Falei que ele estava de folga e havia pedido que eu entregasse os presentes. Nunca mais parei.” As ações solidárias, voltadas para moradores de rua, foram se tornando mais frequentes e se transformaram no projeto Anjinho Feliz. “Minha mãe morreu em 2005 e meu pai, em 2007. Como ele era militar, fiquei com uma pensão, um seguro de vida e parte da herança. Com o dinheiro, comprei uma casa, na Cidade Nova, e abri a Ação Social Edmundo e Olga, que é o nome oficial da ONG, em homenagem a meus pais, que tornaram isso possível”, relata.
Miriam se dedica integralmente ao projeto desde 2008, quando abriu as portas, mas não tem apoio governamental nem patrocínio de empresas privadas. No dia a dia, ela conta com apenas dois voluntários. Ainda assim, a ONG Anjinho Feliz atua intensamente. Dá apoio a crianças doentes, doa cestas básicas semanalmente a famílias cadastradas, distribui um sopão a moradores de rua e oferece cursos de geração de renda, como introdução à informática, artesanato, manicure e teatro. Para custear tudo, além de usar recursos próprios, Miriam faz eventos e realiza campanhas de arrecadação de doações e de apadrinhamento no site https://www.anjinhofeliz.org.br. Apesar de todas as dificuldades para manter as atividades, Miriam diz que a ONG atende “cerca de 680 pessoas por mês, de crianças a idosos. Basta se cadastrar”. “Para mim, isso é uma missão; minha felicidade está em deixar alguém feliz. Tem gente que me chama de maluca, mas nós precisamos acreditar no ser humano. Sempre vou achar que é possível fazer diferença na vida de alguém”, afirma ela, cujo sonho é abrir um orfanato. “Luto por isso há dois anos.”