Como polícias do Rio e Espírito Santo se uniram contra lavagem de dinheiro
Agentes fizeram operação no Complexo da Maré contra quadrilha que movimentou mais de R$ 40 milhões em um ano e tinha 'banco paralelo'

Em parceria, as secretaria de Segurança Pública do Rio e do Espírito Santo realizaram uma operação conjunta no Complexo da Maré, na Zona Norte, nesta quarta (29), para cumprir cerca de 20 mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes capixabas do Terceiro Comando Puro (TCP) investigados por lavar dinheiro da facção e operar um “banco paralelo”. A instituição financeira irregular oferecia empréstimos para os moradores. A investigação aponta que, em um ano, o grupo movimentou mais de R$ 40 milhões. Do total, R$ 27 milhões foram lavados por Gisele Lube, apontada como uma das integrantes da quadrilha e presa durante a ação.
+ Quem pode tomar a vacina contra a dengue no Rio?
Houve intenso tiroteio e barricadas em chamas durante a operação, batizada de Conexão Perdida, e A Avenida Brasil precisou ser fechada por volta das 4h30. Ninguém ficou ferido. Até o início da tarde, dez pessoas foram presas, incluindo Gisele: sete no Rio, sendo duas em flagrante, e três no Espírito Santo, uma delas em flagrante por tráfico de drogas. Também foram apreendidos quatro fuzis. Além do Complexo da Maré, também foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em Bonsucesso, Campo Grande, Laranjeiras e em comunidades de Vitória.
“A ação reflete o esforço coordenado entre as forças de segurança do Rio com outros estados para enfraquecer o crime organizado que ultrapassa divisas. O criminoso que vem para cá se esconder ou fazer escola, será preso. O Rio de Janeiro não tem espaço para criminosos, seja daqui ou de qualquer outro lugar”, disse o governador Cláudio Castro.
As investigações tiveram início em novembro de 2023, após a prisão de Luan Gomes de Faria, em Vitória. Ele e o irmão, Bruno Gomes de Faria, são conhecidos como “os irmãos Vera” e apontados pela polícia como chefes do TCP no estado. Bruno teria vindo para o Complexo da Maré após a prisão do irmão. Ainda foragido, ele é o principal alvo da polícia, de acordo com a Secretaria de Segurança do Rio. Dados da Subsecretaria de Inteligência do Espírito Santo mostram que o grupo capixaba extorquia dinheiro de funcionários de empresas provedoras de internet, água e gás, que só podiam atuar nas áreas controladas pelo TCP na Maré mediante o pagamento de mensalidades que chegavam a R$ 10 mil. Além disso, para gerenciar e ocultar os valores ilícitos, os criminosos tinham diversas contas bancárias, incluindo as de uma casa lotérica e a do “banco paralelo”.
Segundo o subsecretário de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, Romualdo Gianordoli Neto, a facção não apenas lavava o dinheiro proveniente do tráfico de drogas local, mas também os recursos do TCP em Vitória (ES), movimentando R$ 43 milhões em menos de um ano. De acordo com o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, Gisele foi escolhida pelos chefes do grupo criminoso por ter CPF limpo para movimentar uma quantidade alta de dinheiro. Ela foi localizada na Vila dos Pinheiros.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Um dos presos em flagrante na Maré foi identificado como Renê Gomes Silva, o RN da Nova Holanda. Ele, que foi pego ao tentar roubar um caminhão na Avenida Brasil para levar para a comunidade, estava conduzindo uma moto roubada e, após uma rápida perseguição, caiu no asfalto. Outro homem, não identificado, foi preso pelo Bope com um fuzil no Timbau.