Com 18 mortos confirmados — entre eles, um policial militar atacado dentro da base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e uma mulher que passava de carro por um dos locais de confronto —, a operação no Complexo do Alemão já é a quarta mais letal da história da cidade do Rio. Dados do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos (Geni), vinculados à Universidade Federal Fluminense (UFF), apontam que a matança só fica atrás de outra incursão no mesmo conjunto de favelas, em 2007, com 19 óbitos, e de duas ações ocorridas no período de pouco mais de um ano: uma no vizinho Complexo da Penha, com 24 mortes, há apenas dois meses, e a outra no Jacarezinho, em maio do ano passado, com 28 óbitos. As duas últimas aconteceram já com o governador Cláudio Castro à frente da administração estadual. As informações são do jornal O Globo.
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Mais de 400 policiais civis e militares participaram da ação no Alemão, que empregou ainda quatro aeronaves e dez veículos blindados. As tropas de elite das polícias Civil e Militar — Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e Batalhão de Operações Especiais (Bope), respectivamente — comandaram as varreduras. Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) participou do cerco ao conjunto de favelas, patrulhando acessos e ruas próximas. Durante dez horas, os agentes incursionaram pelas comunidades da região, que teve as principais vias fechadas, assim como escolas, postos de saúde e quase todo o comércio. Traficantes reagiram com balas traçantes contra helicópteros das forças de segurança, em imagens que chocaram as redes sociais, e empregando táticas de guerrilha, como o uso de óleo em ladeiras para atrapalhar o avanço dos veículos blindados. Ao fim da ação, a PM divulgou que foram apreendidos quatro fuzis, duas pistolas e uma metralhadora .50, destinada a abater aeronaves, além de 56 artefatos explosivos.
Entre os mortos estão o cabo Bruno de Paula Costa, de 38 anos, lotado na UPP Nova Brasília, estava na PM desde 2014. Ele deixou mulher e dois filhos autistas. Também foi baleada e morta Letícia Marinho Salles, de 50 anos, que era moradora do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, mas estava no Alemão quando o tiroteio começou. Ela era mãe de três filhos, que já haviam perdido a avó há menos de uma semana.
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Representantes da Defensoria Pública, do Conselho Estadual de Direitos Humanos e de comissões da OAB-RJ e da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) acompanharam os desdobramentos da operação. Eles relataram ter recebido denúncias de invasões a domicílio, suspeitos mortos já rendidos e outras supostas violações. As autoridades responsáveis pela operação comunicaram que ela foi organizada a partir de informações de inteligência, sendo realizada em dia e horário “escolhidos a dedo para evitar ao máximo o confronto”. Os principais alvos eram quadrilhas especializadas em roubos de veículos, de carga e de combustível na capital e na Baixada Fluminense, além de assaltos a agências bancárias no interior do estado. Ainda segundo as forças de segurança, bandidos da região também se preparavam para atacar, em breve, áreas controladas por facções inimigas.
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“Nossas forças de segurança foram covardemente atacadas durante uma grande operação no Complexo do Alemão para prender criminosos. Um policial foi morto e outro, baleado. Lamento profundamente a morte do nosso agente e me solidarizo com a família”, escreveu Claudio Castro no Twitter, ainda durante a manhã de quinta (21). Mais tarde, ele voltou à rede social e anunciou que acabara de conversar ao telefone com o ministro da Justiça, Anderson Torres. “Estamos levantando informações sobre os criminosos que atacaram nossos policiais no Alemão. Enviaremos os resultados da investigação ao ministério para que esses criminosos sejam conduzidos para presídios federais“, disse.