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Os barracos que abalaram a sociedade carioca nos anos 90 e 2000

Escândalos e intrigas permeiam a vida social dos ricos e famosos em uma cidade que ainda mantém traços dos tempos da Corte

Por Sofia Cerqueira e Daniela Pessoa
Atualizado em 2 jun 2017, 11h58 - Publicado em 24 set 2016, 01h44
GUINLE
GUINLE (Redação VEJA RIO/)
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Barrados na piscina

Fundado há 100 anos, o Country Club, em Ipanema, ainda conserva um ambiente de exclusividade, prestígio e discrição, com apenas 850 sócios. Mas, vira e mexe, bafafás envolvendo a temida bola preta perturbam a calmaria local. Um dos vetos mais emblemáticos ao quadro de sócios titulares aconteceu em 1991, contra Aparecida Marinho, após o fim de seu casamento com o herdeiro das organizações Globo, Roberto Irineu. Recém-separada, exuberante e rica, a socialite, então com 38 anos, lançou um incômodo holofote no discreto clã. Mais de duas décadas depois, foi a vez de a atriz Guilhermina Guinle ser barrada por desafetos de seu marido, o advogado tributarista Leonardo Pietro Antonelli. Entre guarda-sóis e espreguiçadeiras cochicha-se que, em ambos os casos, o ex-banqueiro Pedro Leitão da Cunha articulou os vetos em nome do que julga ser elegância e bons costumes.

Devolve que é meu


GEYER
GEYER ()

Em 1999, o empresário Paulo Geyer (1921-2004), dono do grupo petroquímico Unipar, e a mulher, Maria Cecília (1922-2014), decidiram doar ao Museu Imperial de Petrópolis o riquíssimo acervo reunido em meio século. Obras de artistas como Rugendas, Taunay e Debret, livros, mobiliário e prataria brasileiros dos séculos XVI a XIX, assim como a própria mansão da família no Cosme Velho (onde hoje funciona a Casa Geyer) seriam transferidos ao museu depois da morte do casal. Em 2009, o patrimônio virou alvo de uma disputa judicial — a viúva de Geyer, de 86 anos, pediu a devolução de 220 peças em função de desentendimentos com a museóloga Maria de Lourdes Horta, exonerada do cargo em 2008 por irregularidades na sua gestão. Além disso, Maria Cecília vinha se irritando com o que considerava ares de “dona da casa” da então diretora da instituição cultural. Passados dois anos da morte da matriarca, a batalha continua na Justiça.

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Emergentes em queda


VERA
VERA ()

Em apenas seis anos, entre 1994 e 2000, a reluzente nova sociedade emergente foi do paraíso revestido de mármore Carrara ao inferno, num emaranhado de intrigas e escândalos. Formado por endinheirados da Barra loucos por uma oportunidade para se exibir, o movimento tinha como “rainha” Vera Loyola, empresária do ramo de padarias. Nem ela escapou de um furacão provocado pela notícia de grampos telefônicos que captaram conversas indiscretas de vários dos aspirantes à high society. O imbróglio veio à tona quando a promoter Maria Monteiro surgiu com quatro fitas, produto da escuta em seu telefone. O caso foi parar na delegacia. Vera, a loura de longos cílios postiços, até tentou manter um lugar ao sol no soçaite: deu festa para cachorro, lançou biografia e prometeu estrelar um programa de TV. Hoje, vive discretamente em sua mansão, longe de qualquer badalo.

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Entre coices e patadas 

JOCKEY
JOCKEY ()

Na eleição à presidência de 1992, o Jockey Clube assistiu a uma batalha de egos e a troca de acusações. De um lado, Lineu de Paula Machado, o Lineuzinho, então com 35 anos e vice-presidente do Banco Boavista, era o candidato da família que fundou o clube. Do outro, José Carlos Fragoso Pires, 58 anos, presidente da Frota Oceânica Brasileira e um dos maiores criadores de puro-sangue do Brasil. O arranca-rabo envolveu a revelação da sentença judicial que condenava Paula Machado por distribuição disfarçada de lucros, ou seja, drible ao fisco. Com direito a camisetas, adesivos e festinhas para os eleitores, Fragoso Pires venceu a disputa.

A quentinha esfriou 


ARIADNE
ARIADNE ()

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Ariadne Coelho irrompeu no cenário carioca com o título de “rainha das quentinhas”. No fim dos anos 90, seu então marido, o ex-caminhoneiro Jair Coelho, tornou-se figura central do escândalo envolvendo membros do governo estadual. Por catorze anos, ele forneceu em regime de monopólio as refeições dos presídios fluminenses, o que lhe rendia 6 milhões de reais por mês. Entretanto, acabou preso por formação de quadrilha, falsidade ideológica e emissão de documentos falsos. Na ocasião, a vida nababesca da dupla, em uma mansão de 3 000 metros quadrados com academia, boate e palmeiras vindas da Flórida, ajudou a apimentar o escândalo. A harmonia entre o casal ruiu de vez em 2001, pouco antes de Jair morrer, vítima de câncer, aos 69 anos, em uma acirrada disputa pelo patrimônio de 70 milhões de dólares. Ariadne ainda ensaiou uma volta (frustrada) ao agito social em 2007, promovendo festas portentosas, recepcionando celebridades e ameaçando seguir a carreira política. ß

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