Deflagrada em 21 de março, a ocupação das escolas da rede pública estadual do Rio contou, desde o início, com a simpatia de quem enxergou no movimento dos alunos uma forma de luta contra as más condições de ensino a que eles são submetidos. No outro extremo do ringue ideológico também houve quem limitasse a revolta da garotada, inspirada por seus colegas paulistas, a um ato de baderna. O primeiro time, dos que torcem pelos jovens encastelados, ganhou uma cena-símbolo no pocket-show da cantora Marisa Monte realizado no colégio André Maurois, na Gávea — uma das 68 unidades ocupadas —, no último dia 2. Outra cena, mais recente e em tudo oposta à anterior, enche de razão quem considera a situação um caso de polícia. Trata-se do embate entre alunos do colégio Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, o primeiro a ser ocupado no Rio. Na terça (10), representantes do movimento de reação Desocupa Mendes abriram caminho na marra, quebrando o cadeado que prendia o portão da instituição, entraram no prédio e, após alguma pancadaria, expulsaram os defensores do Ocupa Mendes — que voltaram ao posto horas mais tarde. Do conflito restaram portas arrombadas, vidro quebrado, lixo esparramado, salas e cozinha reviradas e água espalhada por uma mangueira de incêndio. No mesmo momento, em reunião com alunos, pais e professores, o secretário estadual de Educação Antonio Neto discutia saídas para o imbróglio. Um dia depois, na quarta (11), seu chefe de gabinete, Caio Castro, anunciou o afastamento do diretor da escola na Ilha e o atendimento de outras demandas do Ocupa, antes de fazer um apelo à sensatez: “Conversem entre vocês e façam o entendimento de também colaborar e desocupar a escola. Reparos precisam ser feitos para que as aulas retomem e todo mundo possa trabalhar”.