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Pandemia não foi determinante na queda de crimes no Rio, aponta pesquisa

Segundo o levantamento do Instituto de Segurança Pública, indicadores de roubos de cargas e homicídios seguiram a tendência de declínio analisada desde 2018

Por Agência Brasil Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 abr 2021, 12h00 - Publicado em 20 abr 2021, 11h54
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Roubo de carga: após queda de 33% no ano passado, o índice sofreu pequenas variações nos meses após a decretação do estado no Rio (Antonino Visalli/Unspalsh/Reprodução)
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As quedas nos homicídios dolosos e nos roubos de carga no estado do Rio em 2020 não foram influenciadas de forma determinante pela pandemia da Covid-19. A conclusão é de estudo que o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio divulgou nesta segunda (20). Segundo o levantamento, os dois indicadores continuaram a tendência de declínio registrada desde 2018. Pandemia não foi determinante na queda de crimes no Rio, aponta pesquisaPandemia não foi determinante na queda de crimes no Rio, aponta pesquisa

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Nos homicídios, o recuo foi de 12% e os registros de 2020 ficaram ainda abaixo do previsto, conforme apontou a análise dos últimos seis anos da série histórica, o que para os pesquisadores mostrou que o isolamento social não impactou o indicador. “O estudo conclui, portanto, que é possível considerar que as políticas adotadas no âmbito da segurança pública tiveram papel importante para os resultados dos indicadores”, informou o ISP.

Segundo o instituto, os roubos de carga, que caíram 33% no ano passado, tiveram pequenas variações nos meses após a decretação do estado de emergência na área da saúde no Rio. “Os registros ficaram muito próximos dos valores previstos no modelo comparativo criado pelos pesquisadores do ISP e, portanto, não foram afetados significativamente pela pandemia”, explicou, acrescentando que esse tipo de crime começou a apresentar retração em 2018 e manteve um ritmo decrescente sustentado em todo esse período.

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Outro indicador analisado foi o roubo de veículos, que, conforme o modelo de comparação usado pelos pesquisadores, ficou abaixo da projeção nos dois meses seguintes ao início das medidas de isolamento social. A partir de junho de 2020, no entanto, o total de casos ficou dentro do previsto. Para os estudiosos, também neste caso “as medidas de distanciamento social não afetaram significativamente os números de roubos de veículos nesse período”.

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Os casos de roubos a transeuntes e de celular recuaram abruptamente a partir de março, coincidindo com o início do período de isolamento em 2020. O estudo indicou, ainda, que a média semanal de casos, que era de 1 803, caiu para 810. Ao levar em consideração a série histórica, foi possível identificar que os totais de casos de março a junho ficaram muito abaixo do esperado. Os registros só começaram a aumentar quando o nível de distanciamento social foi reduzido no estado.

Quedas em outros países

O ISP afirmou, também, que a forte queda desses tipos de crimes não foi notada apenas no Rio. Nos Estados Unidos, um estudo de David Abrams sobre as 25 maiores cidades daquele país mostrou reduções de roubos além do previsto e não encontrou efeitos sobre os homicídios.

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No Canadá, uma pesquisa de Tarah Hodgkinson e Martin Andresen sobre a cidade de Vancouver, fez a mesma observação, se repetindo ainda na Austrália, conforme resultado encontrado na pesquisa de Mic-Taec Kim e Felix Leung, que analisou Nova Gales do Sul.

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“Essas pesquisas, assim como a do ISP, partem da teoria das atividades rotineiras, que sugerem que as variações no número de crimes são explicadas pelas diferentes maneiras pelas quais se relacionam infratores, alvos e vigilância. Assim, a explicação para a queda nos roubos a transeuntes e de celular está justamente na alteração das rotinas das pessoas que passaram a frequentar menos as ruas devido ao isolamento social”, avaliou o Instituto de Segurança Pública, destacando que, por serem crimes de oportunidade, quanto menos pessoas circulam pelas ruas, menores são as chances para a ação de bandidos.

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Segundo a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz, logo no início das medidas de isolamento, a instituição identificou alterações em alguns indicadores e, a partir de constatações, procurou entender como a pandemia mudou as tendências.

“A conclusão é que nem todos os crimes tiveram o mesmo comportamento na situação atípica que estamos vivendo. Esse trabalho é essencial para gestão da segurança pública, porque, entendendo melhor essas mudanças, os recursos podem ser alocados de maneira mais eficaz”, afirmou.

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Metodologia

O modelo comparativo de avaliação desenvolvido pelos analistas do ISP para chegar às conclusões considerou a série histórica de cada crime, qual seria a tendência de determinado delito de março a outubro de 2020, e qual foi o seu comportamento naquele ano. O estudo incluiu, também, dois intervalos de confiança de 80% e 95%, usados como uma margem de segurança para as variações. Para isso, foram utilizados dados dos registros de ocorrência da Secretaria de Estado de Polícia Civil de 2014 a 2020.

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Ainda segundo o ISP, a avaliação do nível de isolamento social no estado utilizou o histórico de localização dos usuários do Google. “Com essas informações foi possível calcular que, por exemplo, na semana seguinte à adoção das medidas restritivas, em março, o Rio de Janeiro teve 70% menos visitas a espaços de lazer e entretenimento em relação à mediana do período de referência (3 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020)”, explicou.

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