Paraíso do Tuiuti tem discurso inflamado e percussão de leques na arquibancada

Televisão corta discurso de deputada trans e gera protestos nas redes sociais

Por Redação
5 mar 2025, 02h10
Tuiuti: o diretor de bateria Markinhos foi um dos destaques do desfile que levantou o público
Tuiuti: o diretor de bateria Markinhos foi um dos destaques do desfile que levantou o público (Tata Barreto/Riotur)
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A percussão marcante de leques na arquibancada que abriu o desfile da Paraíso do Tuiuti, segunda escola a se apresentar no terceiro dia do Grupo Especial, contando a história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil, escravizada no século XVI, sublinhou um dos momentos mais marcantes do Sambódromo até a madrugada desta quarta-feira, quando o discurso inflamado da deputada federal trans Erika Hilton ditou o tom de protesto da escola, momento que chegou a gerar constrangimento na transmissão oficial da TV Globo, seguido de protestos na internet. 

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Na hora que a deputada, destaque na comissão de frente da escola, começou a inflamar a plateia com o microfone, denunciando a violência no Brasil contra a comunidade LGBQTIAPN+, a transmissão cortou para a repórter, que precisou improvisar e discorreu sobre o fato aleatório de os carros alegóricos serem feitos de espuma. 

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Erika Hilton: na comissão de frente, deputada discursou ao microfone na abertura (Tata Barreto/Riotur)
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“O mesmo primeiro país do mundo que ainda mata mulheres como Xica Manicongo terá de olhar a sua história sendo recontada. Jogaram o corpo de Xica na fogueira, na tentativa de calar o corpo estranho, a diversidade e a comunidade LGBT. Por Xica nós estamos aqui, resistindo nessa sociedade transfóbica”, bradou a deputada. Logo depois, as redes sociais foram sacudidas por críticas à transmissão. “A Globo não tem o menor respeito pelo tema da Tuiuti. Não deixou a gente ouvir o recado importantíssimo da Erika Hilton”, protestou um internauta na rede social X.

A escola, que fez desfile vigoroso mas se prejudicou no final com os componentes correndo para cravar os 80 minutos do desfile, e deverá perder décimos preciosos na pontuação, veio com a comissão de frente formada toda por travestis que foi recebida com muitos aplausos no Setor 1. A  coreógrafa Claudia Mota, primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio, foi enfática ao responder a pergunta da repórter sobre o desafio de formar uma comissão de frente com essas características: “Não há desafio nenhum e foi o primeiro elenco a ser formado. Queremos passar mensagem de amor, de respeito, dos lugares que essas pessoas merecem, são pessoas como nós, e estamos fazendo história”. 

Outro personagem muito festejado foi o diretor de bateria Markinhos, de 30 anos, filho do mestre Marcão, que desfilou com salto de 12 centímetros. “Sofro preconceito duas vezes, por ser gay e filho do mestre. No começo, meu pai não queria que eu fosse mestre em um meio preconceituoso, de homens cisgêneros e heterossexuais. Mas depois minha família apoiou e tudo valeu a pena. Hoje somos todas Xica”, afirmou Markinhos, que é agente de saúde no dia a dia, e chegou a se apresentar com Madonna no show da diva em 2024, quando recebeu a missão de reunir crianças para uma participação especial.

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Evolução: escola empolgou mas precisou correr no final
Evolução: escola empolgou mas precisou correr no final (Marco Terranova/Riotur)

A também deputada trans Duda Salabert participou do time de celebridades que desfilaram com a Tuiuti, assim como as cantoras Pepita e Hud Burk, Jovanna Baby, fundadora do Fonatrans (Forúm Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros); Bruna Benevides, primeira travesti que se assumiu na ativa da Marinha do Brasil e presidente da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais); e Eloina dos Leopardos, tida como a primeira pessoa a ocupar o cargo de rainha de bateria no carnaval do Rio.

 

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