A paralisação dos serviços no Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) dos Correios, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, que chegou ao 15º dia nesta terça (3), provoca acúmulo de 800 mil cartas a serem entregues na cidade, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos do Rio (Sintect/RJ).
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) informou, entretanto, que, após o mutirão feito no fim de semana, cerca de 220 mil cartas aguardam para serem entregues nas residências. De acordo com o secretário geral do Sintect/RJ, Ronaldo Martins, foi aberta uma negociação diretamente com a vice-presidência da ECT, em Brasília, porque a gestão da empresa do Rio não estaria disposta a negociar.
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“O canal de negociação está fechado aqui no Rio, onde a gestão tem uma postura de truculência. Nós conseguimos falar com o vice-presidente da empresa e ele falou que ia se reunir com os responsáveis da área”, disse Martins.
Em nota, os Correios informaram que há uma negociação permanente com os trabalhadores e que foi apresentada uma proposta aos empregados da unidade para que regularizem as entregas, com o compromisso de que será verificada a situação dos trabalhos sem os 12 distritos que formam a área de entrega.
“A decisão sobre o redimensionamento de efetivo do CDD Botafogo (retirada de 12 distritos) levou em conta a diminuição do volume de cartas recebidas na unidade nos últimos quatro anos, que foi da ordem de 40%. Caso haja necessidade, ajustes serão providenciados”.
Os trabalhadores querem a retomada dos 12 distritos (área de atuação do carteiro) retirados durante a greve da categoria na campanha salarial em setembro deste ano. O sindicato entende que a mudança sobrecarregou o trabalho dos carteiros, que passaram a atuar em uma área maior do que a anterior. Martins disse que a retirada dos distritos foi arbitrária e não respeitou o Acordo Coletivo de Trabalho. “Eles só poderiam fazer essa mudança no SD [Sistema de Distritamento] com a presença de um representante dos trabalhadores e do sindicato. É preciso reverter essa situação imediatamente”, afirmou Ronaldo Martins.
Além disso, os trabalhadores da unidade reclamam das condições de trabalho. O diretor do sindicato João de Deus comentou os problemas enfrentados na unidade, que foram relatados à empresa por meio de ofício: “A unidade está com deficiência na limpeza, com banheiros entupidos, pias quebradas e sem iluminação. Falta dedetização e o ar condicionado é insuficiente por falta do rebaixamento do teto, prometido há meses”.
A professora Cibely Ferreira Pereira da Silva, moradora do Flamengo, afirmou que ficou meses sem receber nada na caixa de correios: “Neste feriado, eu recebi todos os extratos que estavam atrasadíssimos, depois de meses. Espero que a situação se normalize”.
A Central de Tratamento de Encomendas (CTE) de Benfica, na zona norte da capital fluminense, já voltou à normalidade na entrega de encomendas, após o fim da paralisação dos trabalhadores, na última quarta-feira (28). A CTE é responsável pela distribuição de encomendas para todo o estado do Rio. Os problemas de higiene foram solucionados, após uma limpeza de emergência na área de trabalho da unidade e o contrato firmado para o serviço de limpeza com uma nova empresa.