A descrição de quem testemunhou o incidente foi apavorante. Nas redes sociais, relatos davam conta de uma densa fumaça negra espalhando-se pelos corredores do Shopping da Gávea, a partir do 3º andar do complexo, onde funcionava o Teatro Clara Nunes, atingido por um incêndio na tarde de terça (6). Pânico, gritos e áreas de circulação tomadas por uma espessa combinação de gases tóxicos. O que não houve, segundo testemunhas, foram alarme de incêndio e um eficiente esquema de orientação para a rápida evacuação. O Corpo de Bombeiros chegou em poucos minutos e controlou a situação. Não foram registrados vítimas graves nem feridos, apenas dez casos de intoxicação atendidos no Hospital Miguel Couto.
Apagado o fogo, seguiram-se as providências de praxe: perícia nos escombros do teatro, uma investigação para descobrir se houve falha no sistema de alarme e o anúncio de que o shopping, liberado pelos órgãos competentes, reabriria às 10 da manhã no dia seguinte. E assim foi feito. Mas, tão logo os primeiros clientes começaram a entrar, enquanto lojistas e funcionários tentavam disfarçar o odor fétido e terminar de limpar os restos da inundação provocada pelos sprinklers, um pedaço do forro de gesso de uma área próxima ao teatro, que havia sido interditada pela Defesa Civil, desabou sobre uma funcionária da equipe de limpeza, ferindo-a levemente. De novo, tumulto na porta, com ambulância e multidão. A reação dessa vez era menos de surpresa e pesar e mais de indignação. O Sindicato dos Comerciários fez uma denúncia de que funcionários eram forçados a trabalhar num ambiente inseguro. A administração do shopping declarou em nota que as condições haviam sido atestadas como seguras e que não cobrou multa das lojas que não abriram. Depois de nova vistoria, nova liberação. A pergunta que ficou, entretanto, é se, às vésperas do Dia dos Namorados, a decisão de abrir as portas tão rapidamente não foi precipitada.