Para muitas pessoas, o tempo extra em casa devido à quarentena tem inspirado o desenvolvimento de novas habilidades e a descoberta de bons passatempos. “Para quem busca um estilo de vida mais saudável, cultivar uma horta caseira pode ser até mesmo uma atividade terapêutica”, garante a agrônoma Laís Castro, gerente da Fazenda Bananal, em Paraty. Segundo a especialista, que cultiva mais de sessenta variedades no megaterreno, o segredo é não ter medo de errar. “É fazendo e refazendo que a gente aprende e, assim, colhe bons frutos”, diz. A seguir, ela ensina o passo a passo a quem deseja se aventurar!
Escolha um lugar
Espaço é importante para começar a sua horta, mas a luz é essencial. Por isso, a primeira coisa a fazer é observar qual lugar da casa ou do apartamento recebe ao menos quatro horas de luz do sol por dia. Ainda que algumas plantas gostem de sombra, quanto mais luminosidade, melhor. Hortaliças como alface, rúcula, acelga e chicória, que são espécies mais folhosas, precisam de muita luz. Já ervas como melissa, capim-limão, hortelã e erva-cidreira toleram meia-sombra.
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Faça vasinhos
É possível cultivar uma horta em diferentes tipos e tamanhos de vasos – que, por sua vez, podem ser improvisados. Basta reciclar materiais como garrafa pet, potes de plástico e até mesmo caixinhas de leite. Use a criatividade para transformá-los e não se esqueça de fazer furinhos no fundo do recipiente para escoar a água.
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Prepare a terra
Para cultivar boas plantas, é necessário um solo fértil, rico em matéria orgânica. No caso da horta, o ideal é usar terra preta, que já vem rica em nutrientes. Ela é vendida em floriculturas e casas de materiais para construção (tudo on-line).
Saiba o que plantar
Tudo na natureza tem o seu tempo, mas é impossível escolher algumas plantas que se desenvolvem rapidamente. A alface, por exemplo, leva dois meses para estar pronta para colher, partindo da semente. Acelga, chicória e temperos também ficarão prontos em dois meses, enquanto a rúcula e o rabanete levam de 30 a 40 dias.
Como plantar temperos?
Para quem não tem muita experiência no ramo, uma dica é começar cultivando ervas que muitas vezes já vêm até com as raízes. Para plantar salsinha basta colocar na água e depois de sete dias passar para a terra. A cebolinha também vai renascer, soltando folhas novas. É só deixar dois dedos da parte branca, como se fosse uma poda, e colocar na água para estimular o enraizamento (leia-se quando a planta produz raiz nova.) Se o alho-poró vier com raiz, basta seguir o mesmo processo da cebolinha.
E as sementes?
Na hora de comprá-las, sempre leia as instruções para saber se aquela é a época ideal para o plantio. A semente é uma reserva de nutriente. Se o plantio for muito fundo, essa reserva não é suficiente para ela vencer toda a terra colocada em cima. O feijão, por exemplo, gosta que plante mais fundo. Mas a rúcula, tão pequenininha, não pode afundar muito pois ela não terá força para vingar. Geralmente essa regra vale para todas as sementes.
A hora de regar
Cada planta possui características e necessidades diferentes. Por exemplo, ervas do mediterrâneo, como alecrim, sálvia, lavanda e orégano, gostam de pouca água. Mas há alguns “truques” para plantar. No campo, a irrigação é feita conforme está a terra: se você tirar um montinho, apertar e sair água, é porque está encharcada. Se apertar e ela moldar, como massinha, é porque está úmida. Se tentar moldar e ela esfarelar, é porque está seca. Quando a terra está úmida não é necessário fazer nada.
Os melhores horários para regar as plantas são no início da manhã ou no fim da tarde. Se a rega for feita ao meio-dia, a água quase toda vai evaporar e a planta não conseguirá absorvê-la. Outro problema de molhar em horários mais quentes é que propicia a proliferação de fungos e, consequentemente, mais condições para surgir uma doença. Mais uma dica. Geralmente não se rega a planta mais do que uma vez por dia. Para os temperos, molhar três vezes por semana é o suficiente.
Observe as plantas
Ao longo de todo esse processo é normal que nem todas as plantas se desenvolvam como o esperado. Por isso, é importante pesquisar um pouco sobre a espécie e observar se ela está “feliz” do jeito que ela está sendo cuidada. Se ela estiver amarelada, com pintas pretas ou de outra cor, torta e com pontas queimadas, não é um bom sinal. Uma planta que está gostando da luz e da água que está recebendo vai apresentar viço, brilho e produzir folhas novas. Se isso não acontecer, tente mudar de lugar, inverter a exposição ao sol e mudar o hábito de rega.