De tempos em tempos, a atriz Patricia Pillar acredita que finalmente vai conseguir realizar o velho sonho de fazer as malas e embarcar para uma longa temporada em Londres. Foi o que aconteceu quando encerrou as gravações de Lado a Lado, trama de época agraciada com o Emmy Internacional de melhor novela em 2013, em que interpretava a megera Constância, uma baronesa de língua afiada. Dois convites, porém, adiaram novamente seu tão esperado período sabático. Primeiro, vieram as filmagens de Amores Roubados, minissérie ambientada no sertão nordestino. Logo depois, a nova versão de O Rebu, inspirada no folhetim homônimo, de 1974. As duas atrações, dirigidas por José Luiz Villamarim e exibidas, respectivamente, no primeiro e no segundo semestres deste ano, chamaram atenção pelas imagens espetaculares, pelo elenco de primeira e pelo fato de serem um raro sucesso tanto de público quanto de crítica. “É incrível o que se consegue quando você une o know-how da televisão em produções feitas com mais tempo e um grupo entrosado”, comemora Patricia. Em Amores Roubados, ela vive uma mulher sufocada pelo marido autoritário e tem um romance com o namorado da filha, o personagem do ator Cauã Reymond. Em O Rebu, uma história de mistério, luxo e poder que se desenrola durante uma festa em uma mansão, a atriz interpreta a gélida Angela Mahler, protagonista da apoteótica cena final. “Foram, sem dúvida, dois dos melhores trabalhos que já fiz na minha carreira.”
A minissérie e a novela coincidem com um ano emblemático para Patrícia Pillar: em 2014, ela completou 50 anos de idade e trinta de televisão. Suas duas irrepreensíveis atuações se juntam a uma galeria de personagens memoráveis, como a boia-fria Luana de O Rei do Gado (1996) e a vilã Flora de A Favorita (2008). Nascida em Brasília, mudou-se para o Rio aos 14 anos, foi estudar teatro no Tablado e, três anos mais tarde, estreava profissionalmente nos palcos. Fez, entre outras, as peças Lobo de Ray-Ban (1998), ao lado de Raul Cortez. Multifacetada, soma quinze trabalhos no cinema. O Quatrilho (1995), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, e Zuzu Angel (2006), são dois exemplos. Em 2015, Patrícia quer voltar ao teatro, pretende dirigir um texto de ficção e, no momento, estuda três roteiros de cinema. A tão aguardada temporada na Europa, pelo jeito, vai ficar novamente para depois.