Após a divulgação de dezenas de relatos de assédio, a Petrobras demitiu cinco funcionários acusados pelas vítimas. A empresa decidiu, em abril de 2023, promover um raio-x nos 81 casos que foram levados à ouvidora a partir de 2019 – ano em que as apurações passaram a ser centralizadas neste departamento. Cerca de dois meses depois, a estatal disse ao portal G1 que comprovou total ou parcialmente os fatos relatados em dez casos, o equivalente a 12,34% do total de registros. Só uma das apurações ainda não foi encerrada.
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As informações foram obtidas pelo portal or meio da Lei de Acesso à Informação e complementadas posteriormente com a assessoria de imprensa da Petrobras. Alguns casos, a depender da gravidade dos fatos confirmados, acarretaram suspensões ou providências administrativas, como, por exemplo, afastar o assediador do convívio da vítima, com mudança de setor ou unidade.
Em abril, depois que a Globonews divulgou relatos de assédio e importunação feitos por funcionárias, a Petrobras prometeu diminuir de 180 para 60 dias o prazo para a conclusão da apuração das denúncias, além de centralizar a investigação na área de Integridade Corporativa e oferecer atendimento psicológico às vítimas. De abril até junho, a Petrobras contabilizou quatro novas denúncias de assédio (duas em 2023, uma em 2022 e outra sem ano identificado) e outras 11 denúncias de importunação sexual. Esses casos estão em apuração. Segundo o diretor de governança da Petrobras, Mário Spinelli, as funcionárias se sentiram mais seguras para denunciar e “parece evidente que exista uma procura maior pelo serviço“.
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Em um grupo de WhatsApp, funcionárias da Petrobras relataram dezenas de episódios de assédio sexual cometido por colegas de trabalho e superiores hierárquicos quando estavam embarcadas em plataformas e também em outras unidades da empresa, como o Centro de Pesquisas (Cenpes). A GloboNews teve acesso a um compilado de 53 mensagens com relatos espontâneos de pessoas que foram vítimas dos abusos ou também testemunhas de agressões contra as trabalhadoras. “A gente botava cadeira na porta à noite porque era proibido trancar… Uma amiga passou por uma situação bizarra. Chegou no camarote e tinha um cara mexendo nas calcinhas dela”, dizia uma das mensagens. “A recepcionista da gerência em que eu trabalhava teve o seio apalpado por um petroleiro, dentro da empresa. O caso virou o escândalo da gerência e todo mundo soube do caso, mas a chefia não fez nada. A moça foi transferida de área”, afirmava outro relato.