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O lar dos pinguins

Trazidas por correntes marítimas, as aves são tratadas em clínica de Vargem Grande

Por Renan França
Atualizado em 5 jun 2017, 14h27 - Publicado em 18 jul 2012, 16h45
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  • Há cerca de três semanas, Pingolino desembarcou na Praia do Pepê. Ao tocar a areia com as patinhas, ele mal conseguia se manter de pé. Debilitado, bem magrinho e com pequenos machucados pelo corpo, foi recolhido por banhistas e encaminhado para a Clínica de Recuperação da Fauna, em Vargem Grande. O diagnóstico saiu na hora: depois de partir em uma longa viagem da Patagônia, o animal apresentava sintomas de gastrite e úlcera. Para reverter o quadro, precisou seguir uma dieta à base de soro caseiro e pasta de peixe. Somente após sete dias de tratamento intensivo ele pôde dar um mergulho e trocar a refeição insossa por sardinhas frescas. O pinguim Pingolino, nome que recebeu dos tratadores, agora já está pronto para ser levado de volta para casa.

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    Apesar da rápida recuperação, nem sempre a história dos novos hóspedes tem final feliz. Dos 200 animais recolhidos na orla do Rio desde meados de junho, cerca de 40% morreram assim que chegaram à clínica. Outros 10% também não resistiram mesmo após os primeiros cuidados médicos. “O esforço que eles fizeram equivale a uma corrida de 300 quilômetros sem descanso nem hidratação para um homem”, justifica o veterinário Jeferson Pires, responsável pelo centro de recuperação. O local, que funciona dentro do câmpus onde a faculdade Estácio de Sá oferece os cursos de biologia e veterinária, é o único do Rio autorizado pelo Ibama a receber as aves. Ocupando instalações de mais de 5?000 metros quadrados, está equipado com máquinas de raios X capazes de identificar traumas e fraturas, um laboratório para exames de sangue cujo resultado sai em até 24 horas, centros cirúrgicos e emergência para os primeiros socorros. Em caráter extraordinário, vinte estudantes dão plantão para cuidar de Pingolino e seus familiares.

    Nascidas e criadas no Polo Sul, cerca de 1?000 aves da espécie pinguim-de-magalhães devem desembarcar nas praias fluminenses até dezembro. É o reflexo de um fenômeno que acontece, em média, a cada quatro anos, quando as correntes marítimas ganham força, o que contribui para que os animais mais jovens se percam pelo caminho. Normalmente, eles migrariam até a Região Sul do país para se alimentar e dali voltariam para casa. Como permanecem por mais tempo no mar, acabam perdendo muito peso e ficam praticamente sem a capa de gordura que os protege do frio. “O primeiro passo para salvar o animal é envolvê-lo em um cobertor para que ele recupere o calor do corpo”, explica a bióloga Gabriela Heliodoro. Moral da história: pinguim na geladeira só mesmo na decoração da casa. E olhe lá.

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