De tempos em tempos, uma guloseima popular e trivial entra na mira do chamado “raio gourmetizador”. Já aconteceu com o brigadeiro, o churro e a tapioca, que, ao receber ingredientes mais refinados durante o preparo, tornaram-se acepipes sofisticados e, é claro, passaram a custar (muito) mais caro. A mais recente aposta no mercado gastronômico é a pipoca. Vendida nas ruas em saquinhos por em média de 3 a 5 reais, ganhou versões chiques com valores que, muitas vezes, ultrapassam os 40 reais. A inflação vem acompanhada de sabores sofisticados que vão muito além do doce ou do salgado: incluem caramelo e flor de sal, doce de leite com coco, chocolate belga, algodão-doce, paçoca, trufa branca e até mesmo variações fitness, um filão que está em alta. A Pipoca de Colher, lançada há um ano pela empresária Sabrina Schmidt, produz cerca de 5 000 pacotinhos por mês de sua linha funcional com receitas como chocolate fitness — o carro-chefe, feito de cacau e canela — e detox, com casca de laranja e gengibre. “Só usamos açúcar orgânico, e colocamos farinha de linhaça dourada no caramelo para ajudar a baixar o índice glicêmico. É saboroso e funcional ao mesmo tempo, agregando saúde, e não só calorias”, argumenta ela, que fornece para 150 pontos de venda no país, 100 deles no Estado do Rio, com preço sugerido de 15 reais a embalagem de 60 gramas.
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Além das versões prontas para consumo que já se encontram nas prateleiras de empórios, delicatessens e mercados como Casa Carandaí, Empório Cavist e Pão de Açúcar, as variações gourmets estão chegando com toda a pompa aos batizados, aniversários e casamentos. A marca Tiamanda Pipocas Coloridas, por exemplo, trabalha com mais de trinta sabores e já se fez presente em comemorações dos filhos das atrizes Regiane Alves e Fernanda Pontes. A Make a Wish Popcorn Deluxe é mais uma que reforça o coro. Há apenas seis meses no mercado, a empresa aparece em eventos de todo tipo, incluindo feiras de cerveja. Todos os pedidos são preparados na hora por um chef, que faz combinações criativas como carne-seca misturada a minicubos de queijo de coalho e manteiga de garrafa e, na seção açucarada, doce de leite Havanna, infusão de licor Baileys e farofa de castanhas torradas. “Do simples ao mais requintado, o produto cai bem em qualquer lugar, e não só na porta do cinema e do circo”, acredita Alexandre Ferreira, sócio da empreitada, que cobra cerca de 3 000 reais por quatro horas de festa para 100 pessoas. “A pipoca está na moda, mais bem-vestida do que nunca”, diz ele. Como se vê, a nova tendência tem tudo para ser um estouro.