Batalhões do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro realizam nesta terça (19) operações em diferentes favelas da capital. Entre elas está a Rocinha, onde grupos disputam o controle do tráfico de drogas desde o fim de semana.
Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) atuam na Rocinha e no Vidigal, favelas vizinhas que ficam entre os bairros de São Conrado, do Leblon e da Gávea, na zona sul do Rio.
Na operação desta segunda (18), três pessoas foram presas e duas granadas foram apreendidas na Rocinha. Segundo a PM, um suspeito foi morto. Ele chegou a ser conduzido com vida para o Hospital Miguel Couto, mas não resistiu aos ferimentos.
Também há registro de que três moradores se feriram no tiroteio e precisaram ser encaminhados aos hospitais Miguel Couto e Lourenço Jorge. A PM encontrou ainda dois corpos carbonizados, que foram recolhidos pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil.
BAC e Choque
Além da Rocinha e do Vidigal, a PM atua em mais quatro favelas na manhã de hoje. O Batalhão de Operação com Cães (BAC) está à frente da operação nos morros Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme, onde já foi apreendido um fuzil, uma pistola e uma mochila contendo drogas ilícitas.
Segundo a polícia, um suspeito foi ferido em confronto e levado ao Hospital Municipal Miguel Couto.
O Batalhão de Choque atua na terceira frente, nas comunidades de São Carlos, na região central do Rio, e no Morro dos Macacos, na zona norte. Segundo a polícia, as operações nessas localidades são desdobramentos da ação de ontem.
Mais de 6 mil alunos sem aula
O risco de confronto levou a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro a suspender as atividades em 12 escolas, seis creches e um espaço de desenvolvimento infantil, deixando mais de 6 mil alunos sem aulas.
A maior parte dos estudantes é da Rocinha, onde seis escolas e duas creches fechadas prejudicaram 3.356 alunos. Outros 1.538 foram afetados pelo fechamento de quatro escolas e uma creche no Morro dos Macacos, em Vila Isabel.
Também há escolas fechadas em Costa Barros e Barros Filho, nos arredores do Complexo da Pedreira. Policiais do 41º Batalhão de Polícia Militar realizam operação hoje nessa localidade da zona norte.
Uma creche teve que ser fechada na comunidade do Araxá, em Manguinhos, deixando 262 alunos sem aula.
Clima de tensão
Uma moradora da Rocinha conversou com a Agência Brasil sem se identificar e contou que o clima desde o fim de semana é de muita tensão.
“Até porque a gente não sabe a que horas vai começar o tiro. Pode ser a qualquer momento. A gente espera que melhore e isso acabe logo, porque quem paga é o morador”.
Enquanto as escolas da Rocinha estão fechadas, ela diz estar preocupada com as faltas do filho, que estuda em uma escola municipal na Gávea. Ele perdeu uma prova no fim de semana e tinha outra marcada para hoje.
“A escola abre, mas se não tem como ele ir, como a gente faz?”
Clínica e UPA em horário reduzido
A Secretaria Municipal de Saúde informou que as duas clínicas da família, o centro municipal de saúde, a unidade de pronto atendimento (UPA) e o centro de atenção psicossocial (Caps) da Rocinha estão funcionando.
Apesar de abertas, as clínicas da família e o centro municipal de saúde não estão realizando ações externas, como visitas a pacientes e busca ativa. O CMS e uma das clínicas fecharão mais cedo, às 17h, em vez de 20h. Normalmente aberta 24 horas, a UPA deve fechar às 18h.
Ontem, a UPA e o CAPS não funcionaram “devido à situação do território” e os moradores da região foram aconselhados a se dirigir à Coordenação de Emergência Regional (CER) Leblon, ao Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, e ao Centro de Atenção Psicossocial Franco Basaglia, em Botafogo.
Já em Vila Isabel, onde a PM realiza operação no Morro dos Macacos, uma clínica da família foi fechada.