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Polícia Militar do Rio lança CIPP, a UPP do asfalto

Com índices de violência em ascensão e a imagem da corporação em baixa, a PM cria modelo para tentar se aproximar da população

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 2 jun 2017, 12h44 - Publicado em 23 fev 2015, 13h49
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    Sucessivamente abalada por escândalos e problemas de conduta de seus membros, além de conviver com crimes de grande repercussão, como o assalto seguido de morte do estudante de biologia Alex Schomaker, em janeiro, em Botafogo, a Polícia Militar finalmente começa a se mexer. A instituição repensa os métodos de trabalho com o objetivo de diminuir os índices de criminalidade, que são alarmantes – as ocorrências incluem assalto a pessoas nas ruas e roubo de lojas e veículos -, e, ao mesmo tempo, procura restabelecer a confiança da população. A partir desta segunda (23), começa a vigorar, na Zona Norte, um projeto que promete distribuir melhor o policiamento pela cidade, além de mudar o comportamento dos policiais. “Queremos combater a cultura militarista da corporação e resgatar o diálogo com a sociedade”, afirma o coronel Alberto Pinheiro Neto, comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Depois das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), vem aí uma nova sigla para ser incorporada ao cotidiano do carioca: as CIPPs, ou Companhias Integradas de Polícia de Proximidade.

    O que elas são de fato? Pequenas unidades baseadas no conceito de policiamento comunitário, nas quais os PMs têm de lidar, assim como nas UPPs, com reclamações dos moradores acerca inclusive de serviços como luz e água. É o resgate da velha figura do policial de bairro, que conhece todo mundo pelo nome e que já existe, informalmente, em regiões pequenas, com limites bem demarcados, como o Leme. A proposta é justamente oficializar a postura de estreitamento de laços, desta vez no asfalto.

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    infográfico segurança ()

    A primeira CIPP engloba Grajaú, Andaraí, Vila Isabel e parte da Tijuca, áreas de responsabilidade do 6º Batalhão de Polícia Militar. A região foi escolhida como piloto por causa de seus altos índices de criminalidade (veja o quadro) e por já contar com seis UPPs considera­das bem-sucedidas. Ainda que o modelo esteja passando por dificuldades, como a volta do confronto armado com criminosos, morros como Borel, Formiga, Andaraí, Salgueiro, Turano e Macacos têm apresentado significativa melhora em relação à quantidade de crimes. O BPM manterá, nos bairros selecionados, um efetivo de 120 soldados recém-formados, que passaram por um curso intensivo de três semanas com ênfase em matérias como direitos humanos e mediação de conflitos. Eles vão usar coletes pretos com faixas amarelas para se diferenciar dos demais colegas. Terão até cartãozinho com o número do celular para distribuir aos moradores. Estão previstos, ainda, cafés da manhã comunitários, além de visitas de cortesia aos domicílios e estabelecimentos comerciais.

    “Queremos acabar com o medo que as pessoas de bem sentem da polícia”, diz o capitão Gustavo Matheus, comandante do primeiro grupo. A cabine da Praça Verdun, no Grajaú, vai ser a sede temporária desta CIPP pioneira, de onde será coordenado o patrulhamento a pé, do tipo Cosme e Damião, em duplas, apoiado por três viaturas. Cada homem (ou mulher) terá um rádio com GPS, o que permitirá à chefia monitorá-lo. Os soldados estarão munidos de armas de choque e uma pistola calibre 40, cano curto, que deverá ser usada somente em situações de risco. Com essa descentralização do policiamento, a meta a longo prazo é mudar também o gigantismo dos quartéis, muitos dos quais ainda conservam o modelo de estrutura do Exército, com ranchos, capelas e grandes estacionamentos. Serão construídos condomínios para os PMs nos espaços vagos. Resta torcer para que a iniciativa avance além das boas intenções e traga resultados de fato.

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