População cobra reabertura do Parque Radical de Deodoro
O local, que recebeu as competições de canoagem slalow, mountain bike e BMX, seria transformado em um centro de lazer para os moradores da área
A aposentada Suely Zambito mora em frente ao Parque Radical de Deodoro, que deveria ser um dos maiores legados das Olimpíadas Rio 2016. O local, que recebeu as competições de canoagem slalow, mountain bike e BMX durante o evento esportivo, seria transformado em um centro de lazer para os moradores das zonas norte e oeste da cidade, de acordo com o Plano de Legado dos Jogos. No entanto, está fechado desde dezembro do ano passado, sem previsão de reabertura. Suely questiona as autoridades sobre o legado prometido.
“Nós sofremos muito por causa dessa obra, foram dois anos e meio, nós ficamos sem água, sem luz, pra agora a gente não poder nem entrar no parque. Eu acho um absurdo isso aí estar fechado, as crianças não têm onde brincar. Eu ia, estava sempre com minha neta lá, de manhã. Agora, quando nós fizemos uma programação para entrar de férias, daí fechou o parque”.
O Parque Radical foi inaugurado em dezembro de 2015 e sua área, incluindo a enorme piscina, pôde ser utilizada gratuitamente até março de 2016, quando foi fechado para receber os preparativos necessários para as competições olímpicas. Após o fim da paralimpíada, em setembro, o parque voltou a ser um espaço para a população, mas o acesso durou apenas dois meses.
Alguns moradores do entorno, como José da Silva, chegaram a obter autorização da prefeitura para vender produtos alimentícios dentro do parque. Mas o investimento de R$2 mil para montar uma barraca nos moldes exigidos pelo poder municipal nem chegou a se pagar.
“Tive gastos, dependia disso aí, porque estou desempregado. Hoje estou fechando minha barraquinha, porque o movimento foi pouco. Está difícil, o que fizeram com a gente foi um abuso e com a população daqui, a gente tinha acesso a tudo e hoje em dia nem podemos entrar mais. Passamos uma luta aqui, com poeira, com tudo, e hoje está assim isso aí”.
Já Luiz Carlos da Silva, que mora em frente a entrada principal do parque, adaptou uma parte da própria casa para abrigar um mercadinho, contando com os milhares de frequentadores da área de lazer. Agora ele reclama que, desde o fechamento do local, os clientes são poucos.
“Eu e minha esposa estávamos desempregados e montamos isso aqui pra poder sobreviver, quando começou a obra do parque, olimpíada. E hoje virou isso aí, está bem ruim. A gente estava sobrevivendo disso aqui, agora está meio esquisito. Isso aqui não tinha nada antigamente, era um matagal danado, daí construíram isso aí e ficou bonito à beça, mas nem pudemos aproveitar muito, está tudo aí largado e daqui a pouco vira matagal de novo”.
O espaço pertence à prefeitura do Rio de Janeiro, que foi acionada, no início do mês, pelo Tribunal de Contas da União para encaminhar um plano de contingência detalhando as providências a serem tomadas para que o local seja reaberto.
De acordo com a Secretaria de Educação, Esportes e Lazer, um processo de licitação para a contratação da empresa que irá administrar o parque será publicado “em breve”. A secretaria não detalhou como será o processo de licitação.