Ao ser inaugurado, com pompa, no dia 1º de março, o Museu de Arte do Rio (MAR) foi saudado como mais um dos símbolos da renovação por que passa a cidade e, desde então, 200 000 visitantes já circularam pelo espaço. Mais do que dotar o município de um novo centro cultural, o conjunto de intervenções desenhado pelo arquiteto Paulo Jacobsen voltou a dar vida a um trecho que parecia abandonado para a eternidade, ali nos arredores da Praça Mauá. Ele acertou em cheio ao conceber um projeto que integra um prédio com ares modernistas a um palacete do início do século XX ? ambos subutilizados há décadas. Hoje os edifícios encontram-se unidos por uma cobertura de concreto de 800 toneladas que imita a ondulação das marés. Dessa forma, o MAR acabou por se tornar um exemplo da força que a arquitetura contemporânea tem na revitalização de áreas degradadas. ?Esse projeto foi uma experiência única na minha vida?, conta ele, que divide a assinatura do museu com mais dois arquitetos: o próprio filho, Bernardo, e Thiago Bernardes.
Nascido no Leblon, Paulo Jacobsen mantém, aos 59 anos, o jeito informal de se vestir que vem dos tempos de arquitetura no Instituto Metodista Bennett. A opção pela cadeira, porém, não era tão óbvia quanto pode parecer. ?Eu não me encaixava nas turmas de exatas, mas também sentia dificuldade em me dedicar somente às ciências humanas?, diz. ?Escolhi, então, um caminho entre as duas?, analisa. Sua carreira como estagiário começou no escritório de Sérgio Bernardes, um dos mais importantes do país, e o espírito inquieto faz parte de sua personalidade. ?Não digo que sou, digo que estou arquiteto?, brinca, mesmo após quase quarenta anos de atividade na área. Então, que ?esteja? assim por muito mais tempo.