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Com tempo bom para o turismo no Rio, cinco estrelas ganham novo brilho

Apesar da recente onda de violência, que arranha a imagem da cidade, grandes eventos e recuperação do Galeão atraem um público disposto a gastar mais

Por Paula Autran
Atualizado em 19 dez 2023, 12h12 - Publicado em 15 dez 2023, 06h00
Céu de brigadeiro: o volume de voos do Aeroporto Internacional Tom Jobim, que continua a crescer, deve aumentar ainda mais com outros grandes eventos no horizonte, como o Rock in Rio, em setembro, e a reunião do G20, a cúpula de chefes de Estado das principais economias, em novembro. (Grafissimo/E+/Getty Images)
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A previsão para o verão no Rio é de temperatura nas alturas com bons ventos soprando a favor do turismo, numa intensidade que já não era vista desde antes da pandemia. Após um inverno com 75% de ocupação média na rede hoteleira, contra 56% em 2019, vem por aí um calendário que tradicionalmente atrai visitantes para estas praias, incluindo réveillon e Carnaval. Outros fatores também insuflam o setor: o volume de voos do Aeroporto Internacional Tom Jobim, que continua a crescer, deve aumentar ainda mais com outros grandes eventos no horizonte, como o Rock in Rio, em setembro, e a reunião do G20, a cúpula de chefes de Estado das principais economias, em novembro. Nesta maravilha de cenário, os cinco-estrelas da cidade, como o Sofitel Ipanema (antigo Caesar Park), que está com as obras a toda para reabrir, estão se reabilitando. “Devemos ter um verão com números históricos no Rio de Janeiro”, aposta o presidente da Embratur, Marcelo Freixo.

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Mesmo diante de uma série de episódios de violência neste fim de ano, que passaram por dezenas de ônibus incendiados por bandidos, arrastões e agressões nas ruas de Copacabana, entre outras tristes cenas, inevitavelmente arranhando a imagem do turismo local aqui e lá fora, a previsão favorável é baseada nas atuais condições de temperatura e pressão dos mercados doméstico e internacional. De janeiro a agosto, o Rio recebeu 773 500 turistas estrangeiros pelo Galeão — mais que o dobro dos 365 000 registrados no mesmo período do ano passado, cravando um ritmo de crescimento bem acima da média nacional. Até o fim de 2023, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que serão 44 rotas atendidas pelo terminal, e subindo. Por conta de uma portaria do Ministério de Portos e Aeroportos, a partir de janeiro o processo de migração de voos do Santos do Dumont para lá vai se intensificar. “Nos próximos doze meses, serão praticamente 2 milhões de pessoas em voos internacionais pousando no Galeão, número que ainda será turbinado com novas rotas negociadas dentro e fora do país”, avisa o presidente da Embratur.

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Preparados para receber: o projeto da nova fachada do Sofitel Ipanema (acima), e os ambientes reformados do Hotel Fasano (ao centro) e do Sol Ipanema (abaixo) (Divulgação; Bruno Fioravanti; Rafael Magalhães/Divulgação)

Com o fluxo de forasteiros em alta, a taxa de ocupação do setor hoteleiro carioca avança a um ritmo que, nacionalmente, só fica atrás de Belo Horizonte, segundo dados do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil. A novidade é que esse contingente que aporta por aqui tem mais dinheiro para gastar, dando um empurrão à hospedagem de luxo. Ao todo, em 2023, cada turista desembolsou por dia, contando hotel, alimentação e atividades de lazer, 374 reais — 30% mais do que no ano que passou. “O câmbio elevado tem atraído muita gente para rotas internas. Um hotel três-estrelas em Paris custa o mesmo de um cinco-estrelas no Rio”, compara Michael Nagy, diretor comercial do Fairmont Rio, que vem observando a intensa procura por bandeiras luxuosas em Copacabana, sobretudo da pandemia para cá. “Por conta das barreiras sanitárias, o turista nacional se reacostumou a viajar para o Rio, e outros, que nunca tinham aparecido antes, também vieram. E eles não ficam apenas na capital, não”, observa o secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca. Atento à maré alta, o governo investe em ações para promover o Rio a um público disposto a gastar — uma boa fatia é egressa do Centro-Oeste, incluindo Brasília e Goiânia.

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Atento a esses visitantes, o Marina, desde os anos 1980 pontuando o cartão-postal da esquina da Avenida Delfim Moreira com Rua João Lira, tem licença da Secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico para terminar uma grande reforma até 2024. Em outro icônico ponto à beira-mar, o complexo de 25 andares do antigo Caesar Park, inaugurado em 1978 como o primeiro cinco-estrelas do bairro, passa por uma repaginação completa para reabrir com a bandeira Sofitel Ipanema, que ostenta desde 2017. Na nova fase, ganhará um painel de vidro no lugar da alvenaria entre as janelas do segundo ao quarto pavimento. Assim, a vista da praia vai invadir o prédio, com novos ambientes, como spa e academia. O 24º e o 25º andares contarão com mais um bar e um terraço, proporcionando visão 360 graus do Arpoador ao Leblon, e conduzindo o olhar do visitante até o Cristo. “O cliente de luxo busca por experiências, e acreditamos que a cidade tem muito potencial a ser desenvolvido nesse sentido”, avalia Veridiana Furtado, VP de Asset Management da AccorInvest, dona também do Fairmont Copacabana e do Santa Teresa MGallery.

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Uma estimativa do Sindicato de Hotéis e Meios de Hospedagem do Rio mostra que cerca de 20% dos 767 lugares para se hospedar no Rio são do mais alto nível. Mas a maioria é antiga. “Conservá-los é um desafio constante”, reconhece Alfredo Lopes, presidente do sindicato, ressaltando que não há um único representante no nicho do luxo que não esteja se mexendo para atrair turistas. “Para cobrar mais caro, temos que nos adequar e oferecer um leque de possibilidades cada vez maior”, avalia Danilo Chami, diretor do Sol Ipanema, às vésperas de completar meio século de cara nova e com receita 50% mais parruda. No último ano, o hotel investiu mais de 3 milhões de reais em melhorias, da reforma da academia à troca das mobílias e TVs. Agora, se prepara para uma reforma orçada em 1 milhão de reais na área da piscina. Mesmo o Fasano, que abriu as portas em 2007 e vive cheio, não dorme no ponto. “Estamos com o hotel 100% reformado. Já tínhamos esse plano antes da pandemia e nos preparamos para a retomada”, conta o sócio-diretor Constantino Bittencourt. Lá, foram incorporadas áreas externas — o restaurante Gero teve a varanda aumentada e inaugurou-se o Fasano Caffè. Exemplos de um mercado que não pode se dar ao luxo de relaxar.

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