Uma coleção de mais de 4.000 obras, entre pinturas, desenhos e livros, com ênfase no Primeiro Reinado, está no centro de uma briga que envolve o empresário Frank Geyer, presidente do conselho de administração da companhia petroquímica Unipar, e o Museu Imperial, em Petrópolis. Segundo o empresário, que entrou na Justiça contra o museu, a instituição não cumpriu a única cláusula imposta por seus avós, Paulo Geyer e Maria Cecília Geyer, antes de doarem a ela, em 1999, o maior acervo de obras de arte do Primeiro Reinado. As informações são da Folha de São Paulo.
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Ao longo da vida, o casal Geyer – dono de uma fortuna estimada em 2,15 bilhões de reais e responsáveis pela implantação da indústria petroquímica no Brasil – reuniu, em seu casarão, no Cosme Velho, relíquias como telas do italiano Nicolau Facchinetti, que retratou paisagens do Brasil Império, e a lanterna de prata da carruagem de dom Pedro 1º. Nos anos 1990, a ex-presidente do Museu Imperial, Maria de Lourdes Parreiras Horta – condenada em 2020 por improbidade administrativa em sua gestão–, procurou os Geyer para incluir a coleção no acervo do museu. O casal assinou a maior doação de obras de arte do país, com apenas uma cláusula no contrato: após a morte dos dois, o casarão deveria se tornar uma subunidade do museu, funcionando como um centro expositor de todo o acervo.
Mas, desde 2014, quando a matriarca da família Geyer morreu, até hoje nada foi feito. “Não vi movimento nenhum do museu para cumprir a cláusula”, disse Geyer à Folha. “Há oito anos peço para o museu abrir a casa, mas não vejo nada acontecer.” Procurado pelo jornal, o Museu Imperial preferiu não se pronunciar sobre o caso.
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Parte da coleção Geyer integra a exposição “O Olhar Germânico na Gênese do Brasil”, na sede do museu, em Petrópolis. Subordinado ao governo federal, ele sofre com falta de verbas para, até mesmo, montar uma exposição comemorativa sobre o bicentenário da Independência. Geyer conta que, antes de entrar na Justiça, chegou a doar 1,2 milhão de reais ao museu, na forma de um patrocínio da Unipar via Lei Rouanet. Enquanto isso, o casarão no Cosme Velho está, segundo ele próprio, abandonado, com obras sem refrigeração ou controle de umidade.