Eduardo Paes já vinha sinalizando que, no atual quadro da pandemia em todo o país – o pior cenário até agora – o Rio teria que tomar uma atitude mais drástica. Cientistas alertaram: endurecer as medidas de restrição a atividades comerciais e circulação de pessoas na cidade passou a ser uma necessidade. O prefeito decidiu então botar em prática um “quase lockdown” nesta quinta (4), em meio ao aumento de contágios no Brasil todo, e ao colapso do sistema de saúde em vários estados.
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Paes publicou no Diário Oficial as seguintes medidas, que, a princípio, valem por uma semana – ou seja, até a próxima quinta (11):
- Bares e restaurantes só têm permissão para abrir das 6h às 17h, com 40% de ocupação, inclusive os que funcionam dentro de shoppings centers;
- Está proibido permanecer em ruas, espaços públicos e praças entre 23h e 5h – a circulação será permitida;
- Atividades comerciais e de prestação de serviços nas praias passam a ser proibidos – e isso vale para o comércio ambulante, barraqueiros e quiosques;
- Estão suspensas as autorizações para a realização de eventos, festas e rodas de samba;
- Boates, casas de espetáculo, feiras especiais, feiras de ambulantes e feirartes (artesanato) não têm autorização para funcionar; as feiras livres, no entanto, continuam liberadas
- Todas as atividades econômicas com atendimento presencial ficam autorizadas a funcionar somente no horário entre 6h e 20h, com circulação de público limitada a 40%.
De acordo com o texto publicado no Diário Oficial, a fiscalização será feita pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), Guarda Municipal e Secretaria Municipal de Saúde.
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Em entrevista nesta quinta (4), Paes afirmou que vem tentando evitar a adoção de medidas ainda mais extremas no Rio. “Tudo o que eu não quero é fechar a cidade inteira”, disse. “As restrições que alguns consideram muito radicais, elas estão sendo tomadas para que decisões duras de verdade, radicais de verdade, não sejam tomadas”. Nesta quarta (3), o Brasil bateu novo recorde de mortes por Covid-19: foram 1.840 em 24 horas.
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Paes voltou a mostrar preocupação com o quadro da pandemia em outros estados – dados preocupantes foram divulgados pelo Instituto Oswaldo Cruz numa nota técnica nesta terça (2). As informações (na verdade, quase um apelo desesperado dos cientistas pela adoção de atitudes mais drásticas no Rio), levaram o prefeito a tomar as decisões divulgadas hoje – leia aqui A pedido da Fiocruz, Paes vai endurecer medidas restritivas
“O Rio de Janeiro não é uma ilha. Venho perguntando aos especialistas se isso que está acontecendo em São Paulo, em Belo Horizonte e em outras cidades não vai nos alcançar”, disse o prefeito, nesta quinta. “Ninguém me disse que está tudo certo, que o Rio está imune. Há uma tendência de que essa situação nacional pode chegar aqui”.
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A cidade inteira se mantém em risco alto para a contaminação por coronavírus e, de acordo com o mais recente boletim divulgado pela prefeitura, o número de mortes pela Covid-19 se aproxima dos 19 000 (foram 18 992 vítimas no município), e 208 071 casos confirmados.
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