Morador do Complexo da Maré, o pequeno Adriano Álvaro Melo, de 7 anos, já conta com um grande feito: seu primeiro jogo, desenvolvido por ele após fazer um curso de programação on-line da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. O joguinho conta a história do extraordinário cientista “Super Alvinho”. “Agora posso usar os meus superpoderes para aprender mais. Quero construir robôs agrícolas e fazer pesquisas para melhorar a produção e distribuição de alimentos no mundo”, diz o herói no jogo.
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Com aulas totalmente em inglês, o curso da renomada universidade pode ser feito por qualquer pessoa interessada em programação, de todas as idades. A Scratch, no entanto, linguagem de programação usada pelo curso, é indicada para quem tem acima de oito anos. As aulas também passam por fundamentos de Java e Python, linguagens mais complexas.
Apesar de ser gratuito, o curso de três semanas oferece certificado de conclusão com custo de U$ 299 – cerca de R$ 1.500,00 na conversão atual, sem taxas. Para conseguir arcar com o valor, o menino solicitou uma bolsa por meio do programa de assistência da universidade e precisou responder, em inglês, duas questões complexas para sua idade: qual era sua situação financeira e como aproveitaria o curso dentro de seus objetivos de vida. Desde o início deste ano, ele aprendia inglês por meio de aplicativos. Após juntar dinheiro, a família presenteou o estudante com um curso de inglês no dia do seu aniversário.
Estes não são os únicos cursos que o menino já coleciona. Adriano Álvaro possui 41 certificados, incluindo seis cursos agrícolas do Sebrae, entre outros voltados para programação, inglês, xadrez e robótica – e está ansioso para iniciar novos cursos. Além de frequentar uma escola evangélica, Álvaro participa hoje de um projeto de xadrez para crianças e de uma turma de robótica da UFRJ. O pequeno gênio também palestrou recentemente pela primeira vez em um evento sobre Pedagogia Social, na Universidade Federal Fluminense (UFF), para compartilhar sua excepcional trajetória.
Foi durante a pandemia que Álvaro foi avaliado com altas habilidades/superdotação. Com apenas quatro anos, ele começou a ler e escrever por meio do aplicativo GraphoGame, do Ministério da Educação, recomendado para crianças do 1º e 2º ano do ensino fundamental. A história do menino mareense foi descoberta pelo portal Maré de Notícias, que reúne notícias sobre o conjunto de favelas da Zona Norte do Rio.
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Segundo a mãe de Álvaro, o grande desafio é encontrar uma escola cujo ensino consiga atender às habilidades do seu filho, fugindo da fórmula tradicional de alfabetização. “Já cheguei até a ouvir algumas falas racistas. Questionaram diversas vezes o teste de altas habilidades que fizemos, falavam que ele não tinha o perfil de uma criança com esse diagnóstico. O que seria esse perfil? Uma criança branca? Sendo assim, optei por ele conseguir entrar, por exemplo, na UFRJ, em um curso destinado a adolescentes de 14 anos. Abriram uma exceção. Fora isso, eu organizo diariamente as tarefas dele e corrijo cada uma delas”, contou Priscilla de Melo ao jornal O Globo.