Racismo no Leblon: instrutor diz não saber que sua bike era furtada
A bicicleta elétrica foi comprada por Matheus Ribeiro e pela namorada em um site de venda de produtos "de segunda mão" em fevereiro
Mais um capítulo na história de racismo com o instrutor de surfe Matheus Ribeiro no polêmico episódio da bicicleta elétrica no Leblon, na última semana. Após ter ficado claro que ele não teria roubado a bike do casal branco em frente ao shopping no Dia dos Namorados, agora a polícia descobriu que o modelo comprado por Matheus na internet foi anunciado em um site de vendas após ter sido roubado.
Logo, Matheus passou a ser investigado por receptação de bicicleta furtada. De acordo com a Polícia Civil, a bike foi levada do dono original em fevereiro deste ano no bairro de Ipanema, na Zona Sul. O instrutor disse não saber que a bike comprada por ele e a namorada, Maria Faes, teria sido fruto de um roubo anterior, uma vez que compraram de um portal que anuncia produtos usados.
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“A gente está lutando por uma inocência em um caso, e a gente vai ter que provar nossa inocência em outro. Mas a gente está disposto a falar tudo que for necessário, a provar tudo que for necessário, que a gente não comprou essa bicicleta com más intenções ou sabendo que ela era roubada”, disse Matheus ao “Fantástico”.
No sábado (12), ele estava em frente ao Shopping Leblon, na Zona Sul do Rio, quando foi parado por um casal branco, Mariana Spinelli e Tomás Oliveira, que o acusou de roubar a bicicleta elétrica deles minutos antes. O professor gravou os momentos finais da abordagem e procurou a polícia, denunciando o crime como racismo. Dias depois, a polícia encontrou a bicicleta e prendeu o autor do crime, Igor Martins Pinheiro, branco e morador da Zona Sul, com 27 passagens pela polícia, catorze delas por roubo de bicicleta.
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Um modelo novo da bicicleta custa cerca de R$ 8 000,00. A adquirida foi comprada por R$ 3 600,00. Matheus disse que não desconfiou do preço por se tratar de um site de produtos usados.
“Por ser uma bicicleta usada, a gente especificou que estivesse próximo à metade do valor de uma bicicleta nova”, justificou Matheus.
De acordo com a polícia, o homem que vendeu a bicicleta já prestou depoimento e está sendo investigado por receptação. Matheus também será investigado pelo mesmo crime.
Matheus e a namorada afirmam que cobraram a nota fiscal do vendedor. “A gente acabava sempre cobrando a nota fiscal para ele. Depois, ele disse: ‘Ah, o cara ainda está viajando. Não tenho contato com o primeiro dono ainda. Ele está viajando, e esse foi o desfecho”, afirmou Matheus, que contou junto com Maria que não estranhou o fato de a chave para ligar o equipamento fosse diferente de uma original. Segundo eles, o dono poderia ter perdido a original e mandado criar uma cópia. “Como a gente nunca teve uma bicicleta elétrica, a gente não reparou que a chave poderia ser diferente”, disse Maria Faes.
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