No mês da consciência negra, ainda há pouco a se comemorar no Rio. De acordo com o levantamento feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), no primeiro semestre de 2021, o estado teve um aumento considerável nos registros de crimes relacionados ao racismo: os registros do crime de preconceito de raça ou de cor, que também inclui discriminação contra etnia, religião e procedência nacional, quase dobraram na comparação entre os seis primeiros meses de 2019 e 2021, passando de 43 para 82 vítimas.
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Já no caso de injúria por preconceito – que engloba crimes cometidos contra raça, cor, religião, origem, pessoa idosa ou deficiente -, o crescimento foi de 17% no mesmo período. Essa alta, acreditam os analistas do ISP, pode ser fruto da maior conscientização da população, que deixou de achar normal muitos atos preconceituosos. A confiança nas instituições também é um ponto a ser levado em conta: o estado do Rio é um dos poucos do país a ter uma delegacia dedicada à investigação dos crimes raciais e delitos de intolerância.
– É muito importante que se diga que a denúncia desses crimes é fundamental não só para garantir a punição dos autores, mas também para que o poder público e a sociedade tenham a real noção do racismo no nosso estado e que políticas públicas possam ser elaboradas para nos ajudar a enfrentar o racismo. O aumento dos crimes raciais em 2021 pode representar o crescimento da consciência das vítimas de que elas podem procurar uma delegacia, que o preconceito é crime – diz a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz.
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O ano de 2020 foi descartado da análise porque muitas pessoas podem ter deixado de fazer a denúncia por conta do isolamento social para evitar a propagação do coronavírus.