Sede em julho da Rio+ 20, conferência da ONU sobre sustentabilidade, o Rio se orgulha de ter encravado em seu território a Floresta da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo. Beneficiada pela topografia acidentada, a cidade manteve parte de suas matas e hoje exibe um invejável índice de cobertura verde: cada carioca dispõe de 55,8 metros de quadrados de mata atlântica. O número deve ser comemorado, pois supera em quatro vezes o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). É o que mostra o mapeamento das áreas nativas feito pela secretaria municipal de meio ambiente.
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Os dados podem ser acompanhados através do site Sigfloresta (confira aqui) , em que o são disponibilizadas informações sobre a mata nativa, incluindo as espécies predominantes. “Somos uma excessão entre as metrópoles. Outras grandes cidades até possuem matas, como São Paulo, mas elas ficam fora da área urbana, ocupando apenas o entorno”, explica Brasiliano Vito, geógrafo responsável pelo estudo.
O monitoraramento é feito via satélite e as imagens possuem alta resolução. Do espaço, o equipamento consegue fotografar qualquer objeto na mata que seja superior a 50 centímetros. Os dados serão atualizados anualmente e, segundo o primeiro levantamento, feito em 2011, o Rio possui aproximadamente 352 milhões de metros quadrados cobertos por florestas, brejos, restingas e manguezais, ou 29% do município. A capital, no entanto, é ainda mais verde, já que o levantamento não inclui parques com vegetação exótica, como o Aterro do Flamengo.
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O levantamento também mostrou uma profunda desigualdade entre os bairros. Na liderança, a Baixada de Jacarepaguá é um verdadeiro oásis e goza de 145 metros quadrados de mata para cada habitante. A região é beneficiada pelo maciço da Pedra Branca, terceira maior mata nativa carioca, perdendo apenas para a região do Mendanha-Gericinó e da Floresta da Tijuca . Por outro lado, 80 bairros possuem menos de 1% de cobertura vegetal, e a situação é crítica na Zona Norte, em que há 3,4 metros quadrados para cada morador.
Para diminuir a discrepância, a prefeitura aposta nos multirões. “Em regiões carentes e de encosta, estamos realizando reflorestamento com ajuda das comunidades, como em Campinho”, conta Brasiliano. Até 2016, ano em que vai sediar a Olimpíada, a meta é plantar três milhões de árvores no município e criar áreas verdes em bairros como Madureira, que deve ganhar um parque com 113 mil metros quadrados até 2013.
No Brasil, um exemplo a se mirar é Curitiba. A capital paranaense investiu na proteção de regiões florestais e passou de 51 metros quadrados de verde por habitante em 2000 para 64,5 em 2011. Outra capital ecológica é Vitória, no Espiríto Santo, com 91 metros quadrados de mata para cada morador, um índice sete vezes maior ao mínimo apontado pela OMS. Nas piores colocações encontram-se São Paulo, com 5,2 metros quadrados, e Recife, com 0,7.
No exterior, grandes capitais têm se esforçado para aumentar a cobertura vegetal. Com 8 milhões de habitantes, Nova York, nos Estados Unidos, transformou uma antiga linha férrea em parque repleto de plantas e hoje cada nova-iorquino dispõe hoje de 23,1 metros quadrados de vegetação. Já Edmonton, no Canadá, lidera como cidade mais ecológica do planeta: seus felizardos 730 000 moradores podem usufruir cada um de 100 metros quadrados de natureza.