Por que o rapper Oruam foi novamente detido pela polícia
Polícia encontrou traficante foragido da Justiça na casa dele, no Joá; rapper foi liberado da delegacia após assinar termo circunstanciado

O rapper Oruam foi preso em flagrante nesta quarta (26) por abrigar em sua casa um traficante foragido da Justiça. O artista era alvo de um mandado de busca e apreensão, mas policiais encontraram Yuri Pereira Gonçalves, procurado por organização criminosa, ao chegar à mansão do artista, no Joá, na Zona Oeste. Com ele havia uma pistola 9 mm com kit-rajada e munição, além de simulacros de armas de fogo e de um anel que pertenceria a um chefe do Comando Vermelho. Os dois foram levados para a Cidade da Polícia. Como Yuri estava na casa, Oruam foi enquadrado por favorecimento pessoal — ajudar alguém que cometeu um crime a escapar das autoridades. Por volta das 10h45m, ele foi liberado após assinar termo circunstanciado, instrumento legal usado para crimes de menor potencial ofensivo. E responderá pela acusação no Juizado Especial Criminal (Jecrim).
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“Ele não é traficante, é uma pessoa normal”, disse Oruam sobre Yuri, ao deixar a Cidade da Polícia. À polícia, ele contou que Yuri tinha chegado à sua residência na noite desta terça (25) para jogar videogame. “Eu sou inocente, não sabia (do mandado de prisão contra Yuri)”, acrescentou o rapper, que é filho do traficante Marcinho VP, um dos chefes do Comando Vermelho, preso desde 1996. Ele tem no corpo tatuagens em homenagem ao pai e a Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, encontrado morto no presídio federal de Catanduvas, no Paraná, em 2020, a quem Oruam chama de “tio”.
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Sempre envolvido em polêmicas, Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, é um dos principais nomes do rap e do trap nacional. A operação desta quarta não tem relação com um episódio ocorrido na quinta passada (20), na Barra. Na ocasião, o rapper foi preso em flagrante após dar um “cavalo de pau” na frente de um carro da PM, e parar virado para a contramão. Segundo a Polícia Civil, ele foi autuado em flagrante por direção perigosa, e foi arbitrada fiança de R$ 60 mil. Oruam, que dirigia com a carteira de habilitação suspensa, pagou a fiança e foi solto à noite.
Desta vez, o artista é investigado por ter atirado em um condomínio em São Paulo no fim do ano passado. Ele foi indiciado pela prática do crime de disparo de arma de fogo, “após ter colocado em risco a integridade física de diversas pessoas”, segundo a polícia. Por isso foi alvo de uma operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) na manhã desta quarta (26). Os policiais cumpriram dois mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça de Santa Isabel (SP) em endereços ligados ao artista. Um deles era o da mãe de Oruam, Marcia Gama Nepomuceno.
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Segundo as investigações, o filho do traficante Marcinho VP fez um disparo em um condomínio em Igaratá (SP) no dia 16 de dezembro. “Oruam estava em uma casa em São Paulo, com diversas pessoas, em uma espécie de festa. Instigado por outros, pegou uma arma calibre 12 e realizou um disparo”, disse ao portal G1 o delegado Moysés Santana Gomes, titular da DRE. “Ele colocou em risco a integridade física de várias pessoas. Ainda que ele tenha atirado para o alto, a gente sabe que é uma pessoa despreparada, sem o conhecimento de manuseio de uma arma de fogo”, afirmou o delegado. A Justiça paulista, então, determinou a busca dessa arma. Não há mandado de prisão contra o rapper nesse inquérito. Os agentes recolheram na mansão armamento de airsoft e simulacros. Na casa de Márcia foram apreendidos celulares.
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“Pela manhã, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão de equipamentos eletrônicos na casa de nosso cliente, sem qualquer resistência ou problemas. Durante o cumprimento, um dos policiais averiguou que uma pessoa que estava na casa possuía pendências com a justiça, fato que até então o nosso cliente desconhecia, e por isso fomos encaminhados para a Delegacia. Não há qualquer acusação formal contra Mauro por esses episódios”, disse em nota a defesa de Oruam. “Marcia é empresária, funcionária pública e não tem nada a ver com isso”, informou a defesa da mãe do rapper.