O bom humor e o entusiasmo contagiantes da empresária Raquel Vaz não deixam antever as duras perdas que sofreu ao longo de seus 37 anos, todas ocasionadas pelo mesmo vilão: o câncer. Natural de Volta Redonda, ela veio tentar uma nova vida no Rio em 2004, depois de perder o pai e a mãe para a doença. Quase uma década mais tarde, um novo baque, desta vez com o filho, Vitor. Com apenas 12 anos, após se consultar com vários médicos, o garoto foi diagnosticado com linfoma de Hodgkin, uma forma de câncer que se origina nos gânglios do sistema linfático. “Quando conseguimos finalmente descobrir o que ele tinha, a doença já estava em um estágio muito avançado”, conta. Mãe e filho enfrentaram o tratamento com coragem e otimismo, mas, em janeiro passado, o menino faleceu, após dois anos de luta. Em vez de derrubá-la, o novo e pesadíssimo golpe fez com que ela reunisse forças para ajudar outras mães a não ter o mesmo destino. Em julho, Raquel criou o projeto Papo de Mães, com o objetivo de difundir informações a respeito do diagnóstico precoce de câncer e sobre a doação de medula óssea. “Aprendi tanta coisa durante esse período que achei que deveria aproveitar a experiência. Era informação demais para ser desperdiçada”, conta.
“Através da informação, queremos mudar as estatísticas de cura do câncer infantil”
O projeto surgiu durante um evento de confraternização entre as mães de crianças em tratamento na área oncológica do Hospital Quinta D’Or, onde Vitor ficava internado. Até então, elas utilizavam apenas um grupo no WhatsApp para trocar experiências. “É muito bom ter alguém para conversar que entenda exatamente o que você passa. Você se sente acolhida”, explica. Hoje, as quarenta mães reunidas pelo aplicativo integram o projeto, que realiza bate-papos abertos ao público em locais como igrejas, universidades e colégios. Nestes primeiros meses, já foram dezesseis palestras. Durante esses encontros, o grupo relata suas experiências e repassa informações de cunho médico que, entre outros efeitos, podem ajudar a detectar o câncer com uma antecedência segura. “Quanto mais cedo a doença é descoberta, mais chances temos de vencê-la. Através da informação, queremos mudar as estatísticas de cura do câncer infantil.”
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