Por que a rede federal de hospitais do Rio tem mais de 300 leitos ociosos
Em oito unidades vistoriadas, Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados encontrou problemas como a falta de profissionais
A rede hospitalar federal que funciona no Rio de Janeiro tem 320 leitos impedidos de receber pacientes. Mesmo estruturas em boas condições estão fechadas por problemas como a falta de profissionais. Os dados foram revelados pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, que vistoriou oito unidades administradas pelo Governo Federal.
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“Muitos setores fechados, leitos fechados por falta de recursos e estrutura, mas principalmente por falta de gestão“, avaliou o deputado federal Daniel Soranz (PSD), integrante da comissão. Em quatro dias, os parlamentares visitaram os hospitais federais de Bonsucesso (HFB); Cardoso Fontes (HFCF); Ipanema (HFI); da Lagoa (HFL); do Andaraí (HFA); dos Servidores do Estado (HFSE); e os Institutos Nacionais de Cardiologia (INC) e de Traumatologia e Ortopedia (INTO). Neles os pacientes sofriam por alas superlotadas e por enfermarias fechadas, além da falta de médicos.
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“É um absurdo o estado em que deixaram esses hospitais nos últimos anos, uma verdadeira herança maldita deixada pelo [ex-presidente Jair] Bolsonaro. (…) De imediato, acho que a ação mais importante é a reposição de profissionais, contratação de profissionais e a execução dessas obras que estão inacabadas e que esses serviços que estão abandonados há anos sejam devolvidos a população”, acrescentou o deputado Dimas Gadelha (PT).
Veja alguns dos problemas encontrados em cada unidade:
Hospital Federal de Bonsucesso:
A unidade conta com 411 leitos, sendo 231 ocupados e 126 impedidos por falta de profissionais, entre outros problemas. Os deputados avaliaram que a UTI Neonatal e o CTI Pediátrico operam abaixo da capacidade, podendo dobrar a quantidade de leitos pelo espaço físico disponível.
Hospital Federal Cardoso Fontes
Na unidade, em Jacarepaguá, 28 leitos estão impedidos de receber pacientes por falta de recursos humanos. Ao todo, a unidade tem 182 leitos disponíveis. Também foi constatada a superlotação da sala amarela, no setor de emergência, onde pacientes são atendidos em 10 macas extras no corredor e 4 macas extras na sala vermelha.
Hospital Federal da Lagoa
Com 249 leitos contabilizados na plataforma Secretaria municipal de Saúde, hospital federal tem 32 leitos impedidos de funcionar.
Hospital Federal do Andaraí
Lá, dos 282 leitos cadastrados, 10 não podem funcionar por problemas de gestão, como falta de profissionais ou falta de rouparia. A falta de médicos ficou evidente quando a filha de uma paciente pediu ajuda aos deputados durante a vistoria para tentar resolver a situação da mãe, que morreu horas antes e ainda não tinha conseguido um atestado de óbito.
Hospital Federal dos Servidores do Estado
O Hospital, no Centro, tem 374 leitos cadastrados, dos quais 57 leitos estão impedidos de funcionar. Inúmeras salas da unidade estavam trancadas e não puderam ser visitadas pelos parlamentares porque. “as chaves não se encontravam disponíveis por estarem com os responsáveis que não se encontravam no hospital durante a visita”. A comissão constatou que muitas alas hospitalares, em diversos andares, foram transformadas em salas administrativas, usadas para reuniões, vestiários, salas para chefias médicas e de enfermagem de diferentes especialidades. Também chamou a atenção dos deputados o alto número de camas novas e sem uso encontradas na unidade, enquanto outros hospitais da rede federal reclamam da falta do mesmo equipamento.
Instituto Nacional de Cardiologia
O instituto, em Laranjeiras, tem no momento 23 leitos sem uso por falta de profissionais. Este número representa mais de 14% dos leitos do hospital.
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad
Cerca de 10% do total de leitos disponíveis no Into, no Caju, estão impedido de funcionar. Ao todo, são 30 leitos sem uso.
Hospital Federal de Ipanema
Foi constatado que 3 salas de cirurgia da unidade se encontram fechadas e 14 dos 131 leitos da unidade estão impedidos de receber pacientes. Os deputados observaram também que há entidão no credenciamento de pacientes e que 2.900 pessoas aguardam atendimento no hospital.
Inca
No endereço de Vila Isabel, os parlamentares encontraram dois quartos de enfermaria fechados por causa de uma infiltração. Já na unidade da Cruz Vermelha, no Centro, há um terreno nos fundos onde já deveria ter sido erguido um prédio. Até o momento, no entanto, o local, que deveria funcionar como um Centro Integrado do Instituto Nacional do Câncer, é apenas um terreno baldio. A obra para a nova construção foi licitada pelo Governo Federal, mas o processo foi paralisado em 2012. Atualmente, a taxa de ocupação da unidade é de 56%, enquanto muitos pacientes com câncer no Rio de Janeiro precisam esperar mais de 60 dias após o diagnóstico para começar um tratamento oncológico.