Sair da zona de conforto e enfrentar um projeto desafiador não é fácil. Regina Casé, neste ano, não só se jogou de cabeça em uma empreitada instigante como, agora, vive a expectativa de pisar no tapete vermelho do Oscar. O motivo para tamanha agitação é o filme Que Horas Ela Volta?, no qual interpreta de forma arrebatadora a empregada Val, escolhido como o representante brasileiro na corrida ao prêmio máximo do cinema. Comediante festejada e apresentadora de TV tarimbada, ela não atuava, com exceção de algumas participações, como atriz havia mais de dez anos. Além de a fita dirigida por Anna Muylaert concorrer a uma vaga entre os melhores filmes de língua estrangeira, Regina está cotada para a categoria de melhor atriz. O anúncio com a seleção final da Academia de Artes e Ciências de Hollywood sai em janeiro. “Quando vejo meu nome entre as apostas, ao lado de gente como Cate Blanchett e Julianne Moore, nem parece que é real”, diz ela, que, embora esteja radiante, não nutre grandes expectativas sobre a indicação individual. “Acho muito mais provável que o filme seja selecionado entre os estrangeiros, mas tudo isso que está acontecendo já é um grande prêmio.”
Aos 61 anos, com mais de quatro décadas de carreira, Regina Casé experimentou, em 2015, um recomeço. Antes do lançamento oficial do filme, sua performance, ao mesmo tempo divertida e comovente, já havia conquistado o júri do Sundance Festival, nos Estados Unidos, e do Festival de Berlim, na Alemanha, além de amealhar críticas elogiosas mundo afora. Era o empurrão que faltava para que ela decidisse investir novamente na carreira de atriz. Paralelamente às gravações do programa de auditório Esquenta!, a caminho do sexto ano no ar, Regina estuda propostas de novos filmes, planeja fazer uma minissérie para a televisão e sonha voltar aos palcos, onde começou com o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, nos anos 70. “Embora faça muitas coisas, a minha essência é de atriz”, resume. O desempenho excepcional em Que Horas Ela Volta? deixa isso evidente.