Nascida em uma família de classe média acostumada a realizar trabalhos voluntários, a administradora Regina Porto sempre teve a solidariedade como um norte em sua vida, mas sua participação em causas sociais era um tanto esporádica. Em 1997, meio por acaso, foi plantada uma semente que fortaleceria esse engajamento. Durante uma temporada trabalhando para uma empresa em São Paulo, conheceu o publicitário Valdir Cimino, que criaria naquele mesmo ano uma associação dedicada à leitura para crianças hospitalizadas. Encantada com a iniciativa, Regina integrou algumas de suas ações. Àquela altura, ela não imaginava que, em 2005, já aposentada, de volta ao Rio e com uma pós-graduação em ciência, cultura e arte na saúde pela Fundação Oswaldo Cruz no currículo, ela própria fundaria um projeto, o Instituto Rio de Histórias — curiosamente, parceiro da iniciativa que ajudara em São Paulo. Atualmente, o instituto realiza leituras dramatizadas para jovens de até 17 anos em 22 hospitais do estado. Ao todo, Regina contabiliza em 140 000 o número total de pessoas atendidas durante esses dez anos. “Queremos incentivar a leitura e resgatar situações que a criança viveria fora do hospital. Falamos não só sobre o livro, mas sobre os desenhos, o autor e sua importância na cultura brasileira”, explica.
“Queremos incentivar a leitura e resgatar situações que a criança viveria fora do hospital”
Para se tornar um contador de histórias, o candidato passa por um treinamento de seis meses, que inclui oficinas de leitura e palestras com terapeutas e infectologistas. Ao término, o aluno frequenta o hospital de sua escolha uma vez por semana durante um mês, quando, acompanhado por um supervisor, vai de leito em leito narrar histórias por duas horas. “O contador é mais do que simplesmente um mediador de leitura. É muito gratificante quando a criança pede para a gente voltar com mais frequência ou quando diz aos pais que quer livros.” Com um evento marcado para o fim de setembro, em comemoração pelos dez anos da iniciativa e previsto para 100 crianças entre 6 e 9 anos, Regina diz ser difícil não se emocionar. “Minha meta é aumentar o número de crianças contempladas. Hoje, já atendemos 17 000 por ano, mas ainda são muitas as que não recebem nossas visitas.”
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