Filha de um gaúcho com uma cearense, a publicitária carioca Renata Tasca, de 29 anos, cresceu ouvindo dos pais quanto era sortuda por morar no Rio. “Eles se conheceram aqui e escolheram este lugar para viver, por isso sempre me mostraram como ele é especial”, conta. Crescer nesse ambiente fez com que surgisse nela a vontade de colaborar de alguma forma para tornar a cidade ainda mais agradável aos cariocas. Como consequência disso, criou, no início deste ano, o Ninho de Livro. Como o nome sugere, a ideia é disponibilizar obras literárias em lugares públicos para que os transeuntes as peguem livremente. “Em uma viagem à França, passei por uma praça em que as pessoas deixavam os livros em caixas de leite e, na hora, pensei que poderia fazer algo parecido por aqui”, lembra. Adaptando o conceito, Renata desenvolveu casinhas de madeira coloridas para ser instaladas pela cidade. A porta não tem tranca e qualquer pessoa pode pegar os livros que ficam dentro de cada uma delas — e, eventualmente, deixar algum que já tenha terminado.
“O projeto tem duas propostas: estimular a leitura e dar uma nova vida aos espaços públicos da cidade”
O primeiro “ninho” foi instalado em janeiro deste ano na Praça Sarah Kubitschek, em Copacabana. Desde então, outros oito pontos já receberam a iniciativa, entre eles o Morro do Vidigal, as praças Santos Dumont, São Salvador e Nelson Mandela, o calçadão do Arpoador e os parques Guinle e Lage. Apenas um deles não está em um local público: foi instalado no Colégio Pedro II, na Tijuca, a pedido da própria instituição. “Esperava uma resposta mais lenta, que as pessoas fossem demorar para começar a trocar os livros, mas tenho recebido muitos e-mails de gente pedindo para instalar as caixinhas em outros locais”, diz Renata, que faz rondas uma vez por semana para checar cada um dos locais e repor os livros, obtidos por meio de doações. A meta inicial é instalar cinquenta “ninhos” na cidade, mas ela espera que, com a ajuda de algum patrocínio, esse número possa aumentar. Outro plano que já começa a sair do papel é aliar a iniciativa a eventos voltados para a literatura, como o que ocorreu na inauguração da casinha do Vidigal, quando a escritora Thalita Rebouças comandou uma roda de leitura entre as crianças. “O projeto tem duas propostas: estimular a leitura e dar uma nova vida aos espaços públicos da cidade.”