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Renato Aragão

Ídolo das crianças de todas as idades, ele pisou pela primeira vez em um palco para interpretar o insuperável Didi Mocó na adaptação musical de Os Saltimbancos Trapalhões

Por Rafael Teixeira
Atualizado em 5 dez 2016, 12h31 - Publicado em 6 dez 2014, 00h00
renato_aragao
renato_aragao (Leo Aversa/)
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Para pessoas em idade mais avançada, um infarto agudo do miocárdio invariavelmente representa um pretexto para jogar tudo para o alto e curtir uma vida mais sossegada ao lado da família. No caso de Renato Aragão, entretanto, uma aposentadoria seria um golpe ainda maior no coração. Em março passado, um dia após o aniversário de 15 anos da filha caçula, Lívian, o comediante sentiu uma dor intensa no peito. Constatada a gravidade do caso, ele passou por uma delicada cirurgia. Apesar da excelente recuperação, com alta do hospital apenas quatro dias depois, houve quem achasse que, aos 79 anos, Renato não teria fôlego para levar adiante um projeto que já estava sendo gestado à época: o espetáculo Os Saltimbancos Trapalhões — O Musical, de Charles Möeller e Claudio Botelho. Adaptação para os palcos do filme que ele estrelou em 1981 com seus companheiros de Os Trapalhões, Manfried Sant’Anna, o Dedé, Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum (1941-1994), e Mauro Faccio Gonçalves, o Zacarias (1934-1990), a montagem seria a estreia de Renato no teatro, vivendo seu indefectível Didi Mocó — personagem que eternizou na televisão e no cinema. Contrariando as expectativas e com o apoio incondicional da mulher, Lilian, ele mergulhou na empreitada. Resultado: sessões lotadas ao longo de pouco mais de um mês de temporada na Cidade das Artes, com a garantia de reestreia em 2015. “É uma emoção indescritível. Quero continuar trabalhando, tenho muito para fazer ”, diz Renato.

Como se um infarto não fosse o bastante, o caminho até o sucesso da montagem foi algo tortuoso. Tudo começou com um encontro com Möeller e Botelho, no fim de 2013. A intenção da dupla era conversar com Renato sobre a possibilidade de desenvolver um projeto comum. Surgiu, então, a ideia de fazer um musical baseado no filme da década de 80, o que encantou o comediante. Mas a experiência dele com teatro não era nula apenas como ator, mas também como espectador. Para se inteirar, Renato foi assistir a uma produção dos diretores, com composições de Chico Buarque, autor das canções do filme original. Saiu do teatro de queixo caído. “Dei carta branca a eles para adaptarem a história. A cada caderno de texto que recebia, mais confiante no trabalho deles eu ficava”, lembra. A segurança em si próprio, porém, era zero. “Tinha medo de decepcionar. Uma coisa é cantar como Didi, outra é estar no meio de grandes cantores”, explica. Com gente muito próxima no elenco — entre outros, sua filha e o companheiro Dedé —, Renato foi perdendo a inibição. Não à toa, é dele a cena em que a plateia chega às lágrimas, quando canta apenas dois versos de Piruetas. Como diz a canção: “Bravo, bravo!”.

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