O popstar americano Michael Jackson, morto em 2009, jamais fez show no Rio, mas esteve na cidade num domingo ensolarado de 1996, para gravar um videoclipe. Foi no Morro Dona Marta, em Botafogo. A música era They Don?t Care About Us (algo como “eles não se importam com a gente”), falando de injustiça social, de repressão, e na qual ele cita personagens como o presidente Franklin Roosevelt e o pastor Martin Luther King. Dias antes, o cantor tinha ido a Salvador, na Bahia, trabalhando o mesmo clipe ao lado do grupo Olodum, do qual trouxe uma camisa. Por aqui, voou de helicóptero, foi ao Corcovado, comprou brinquedos num shopping (apinhado de gente) em Ipanema e, enfim, subiu a Favela Santa Marta, não sem provocar polêmica: muito se especulou sobre como deve ter sido a negociação entre a equipe de Michael e os traficantes que, à época, exerciam grande poder sobre aquela comunidade, hoje pacificada. O telhado onde o astro dançou e dublou ficou famoso, ganhando um painel de Romero Britto e uma estátua desenhada pelo cartunista Ique. Desde o início do ano o espaço vem sendo restaurado, ação promovida por uma marca de tinta, com a repintura das casas do entorno. Neste sábado (1º) haverá novo mutirão, desta vez com os moradores recebendo estudantes universitários, para enfeitar mais ainda a “laje Michael Jackson”.