Quem passa pela Avenida Lauro Sodré, em Botafogo, a caminho de Copacabana, já deve ter reparado no grande painel (de 673 metros quadrados) que estampa a fachada do Shopping Rio Sul. Com referências a pontos turísticos cariocas, a exemplo dos Arcos da Lapa e do Corcovado, a peça traz um dos símbolos que mais serão vistos ao longo de 2015: a marca comemorativa do aniversário de 450 anos do Rio. Dezenas de empresas já começaram a adotar em seus produtos aquele desenho de três traços que lembra um rosto de perfil, criado pelo escritório Crama Design. “Nosso objetivo é fazer com que se dê um engajamento das corporações para que tragam o espírito da comemoração ao dia a dia dos cariocas”, diz Marcelo Calero, presidente do Comitê Rio450.
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O pacote de criações estilizadas engloba os mais diversos itens. Cerveja, vinho, carro e até avião estão pegando carona na imagem positiva dos festejos. Algumas são mais singelas, como a impressão do símbolo numa leva inicial de 15 000 guardanapos encomendados pela Confeitaria Colombo. Mas há investidas mais ambiciosas. É o caso da montadora italiana Fiat, que deve disponibilizar a partir de março em concessionárias de todo o país uma série especial do Uno com o logotipo pintado na lateral e na parte traseira do automóvel. “O Rio é a porta de entrada para o Brasil. Enxergamos nessa comemoração uma oportunidade interessante do ponto de vista comercial”, explica Maria Lúcia Antônio, gerente de publicidade da empresa. Expectativa semelhante é compartilhada pelos controladores da vinícola Miolo. O grupo gaúcho lançou neste mês, já em pré-venda pela internet, três rótulos inspirados no aniversário da cidade — cerca de 150 000 garrafas. Por sua vez, a empresa aérea TAM vai adesivar um Airbus com o ícone pelo período de um ano. “O Rio é ponto fundamental para o nosso negócio, por isso devemos valorizar esse momento especial para o carioca”, afirma o gerente de comunicação Daniel Aguado.
Não há exclusividade no uso do símbolo, o que significa que os traços podem vir a ser explorados por duas empresas do mesmo segmento. O projeto também não impõe limites ao número de adesões, mas instituições ligadas ao fumo, por exemplo, estão proibidas de adotar o desenho. E, ao contrário do que se possa imaginar, o comitê não cobra royalties pela utilização da ilustração. A contrapartida é que os interessados desenvolvam estratégias de comunicação inspiradas no layout ou patrocinem eventos do calendário oficial. Há cinquenta anos, no quarto centenário, houve a ideia inicial de cobrar pelo uso do símbolo, criado à época pelo artista plástico Aloísio Magalhães. Mas o ícone foi tão bem-aceito que sua disseminação saiu do controle. O resultado foi uma enxurrada de artefatos com a marca (confira abaixo), de xícara, água sanitária e pipas a câmera fotográfica da Kodak, relógio da Omega e carro da Vemag. O desafio agora é superar o sucesso do passado.