A Associação Nacional das Travestis e Transexuais (Antra), divulgou nesta sexta (29), Dia da Visibilidade Trans, o dossiê que revela o alto índice de violência contra esta população no país em 2020. O Rio, em relação ao relatório de 2019, permaneceu como o quinto estado brasileiro com o maior número de mortes, indo de sete para dez casos.
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Por trás das estatísticas encontra-se o preconceito e a intolerância cultivados na sociedade brasileira. Ocupando o primeiro lugar no ranking dos países com maior número de homicídios contra pessoas transgênero em todo mundo, o Brasil registrou o total de 175 assassinatos em 2020. Entre os estados com maior índice, São Paulo figura em primeiro lugar com 29 mortes, seguido do Ceará; com 22, Bahia, com dezenove e Minas Gerais; com dezessete.
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Os números de violência são crescentes, já que em 2019 foram 124 crimes cometidos no país, e segundo o documento, relacionam-se com a omissão do governo para investir em políticas efetivas para mudar esse cenário. “Até o momento, não houve ações específicas para enfrentar essa violência, o que nos faz acreditar que seria uma falsa simetria afirmar uma diminuição de violência de forma “espontânea” e sem investimento material, pessoal ou institucional do Estado em uma política de enfrentamento do transfeminicídio”, explica no documento a secretária de articulação política da Antra, Bruna Benevides.
Não somente a violência física, outras formas de violação foram denunciadas no último ano, como pela internet (25%), no campo do comércio (13%), educação (9%), ameaças/assédios/agressões (13%), agressões policiais (13%), entre outros. Entre os casos, 16% ocorreram no Rio.
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Além dos números, o dossiê analisa outros dados relacionados à população trans, incluindo na pesquisa o perfil das vítimas. A Antra estima que 75% dos brasileiros não convivem com transgêneros. Por serem uma minoria na sociedade, essas pessoas sofrem com a exclusão, muitas vezes pela própria família, que cortam relações e deixam de apoiá-las, até mesmo expulsando-as do ambiente familiar em razão das suas identidades. A falta de acolhimento desse grupo pode acarretar um desincentivo para a realização de uma denúncia formal efetiva, gerando casos em que os crimes são subnotificados e permanecem fora das estatísticas.
O relatório também mostra os riscos que a população transgênero enfrentou durante a pandemia. Estima-se que 70% dos trans brasileiros não tiveram acesso às políticas emergências do Estado, seja por falta de documentação e/ou acesso à internet e meios tecnológicos.