Em 2022, Rio registrou 111 vítimas de feminicídio e 60% eram negras
Dados fazem parte do Dossiê Mulher, do ISP, que também detalha que 125 mil mulheres sofreram algum tipo de violência no ano passado
Em 2022, 111 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado do Rio. Destas, 60% eram negras, com idade entre 30 e 59 anos. Dois terços do total eram mães, sendo que a metade destes filhos era menor de idade. Em 17 casos, as crianças presenciaram os assassinatos. Os dados constam no Dossiê Mulher, levantamento feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), que também detalha que 125 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no ano passado, uma média de 14 pessoas por hora. O crime mais comum foi a violência psicológica, com 43.594 casos. O documento foi divulgado nesta terça (31).
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Entre as 111 mulheres assassinadas no ano passado, 70 já tinham sido vítimas de algum tipo de violência, mas não procuraram a polícia para registrar o caso. “Como a maioria das vítimas são mulheres negras, não é possível ignorar que elas têm mais dificuldades de acessar os sistemas de garantia da Lei Maria da Penha. A mulher negra sofre diversos entraves que prejudicam seu acesso à polícia e à Justiça. São as que mais sofrem violência e as que mais enfrentam dificuldades para denunciar — disse ao jornal O Globo Flávia Nascimento, coordenadora de defesa da mulher da Defensoria Pública do Rio.
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No ano passado, o Tribunal de Justiça do Rio concedeu 37.741 medidas protetivas de urgência para mulheres, determinando o afastamento do agressor. A análise dos registros de ocorrência de 2022 aponta que 3.587 medidas foram descumpridas — 82,1% eram contra companheiros e ex companheiros. “Na maior parte das vezes, os agressores são aquelas pessoas que elas escolheram para, na verdade, serem seus protetores. Que é o companheiro, o ex-companheiro, alguém próximo da família. Fora, claro, todo o machismo estrutural que existe na nossa sociedade que faz com que a vítima, na verdade, seja vista como a causadora da violência. Então, há uma série de fatores que dificultam a denúncia por parte da mulher. Mas nós precisamos lembrar que as mulheres que não estão preparadas para denúncia também precisam ser acolhidas“, afirmou Marcela Ortiz, diretora-presidente do ISP, à TV Globo.