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Rio vive iminência de surto de chikungunya

Transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito da dengue e do zika, a virose torna-se a nova ameaça à saúde pública na região metropolitana

Por Pedro Moraes
Atualizado em 2 jun 2017, 11h29 - Publicado em 17 dez 2016, 00h00
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  • Estação favorita dos cariocas, o verão não é apenas sol, calor, praia e curtição. É também a temporada do ano em que a proliferação do mosquito Aedes aegypti atinge o ápice, aumentando drasticamente a ocorrência de doenças cujo principal transmissor é o inseto. Os moradores do Rio e dos municípios vizinhos, que, nas últimas décadas, passaram a conviver com a dengue como se fosse parte da rotina, descobriram no ano passado o assustador espectro do zika, que ao infectar mulheres grávidas provoca microcefalia nos bebês. Neste ano, cresce a ameaça de uma terceira doença, transmitida pelo mesmo vetor, de nome bem mais complicado, a chikungunya. As autoridades de saúde pública já esperam por uma epidemia dessa virose, e a análise dos números não deixa margem para dúvidas. Os 71 casos registrados pela Secretaria Estadual de Saúde, entre janeiro e novembro de 2015, passaram para 15 265 no mesmo período de 2016. A imensa maioria, cerca de 90%, diz respeito a pacientes da capital e da Baixada Fluminense. “Como a doença é nova na cidade, a população fica muito suscetível. A expectativa é que haja um aumento considerável no número de casos”, avalia o infectologista Rivaldo Venâncio, pesquisador da Fiocruz em Mato Grosso do Sul, uma das principais autoridades sobre a doença no país.

    A chikungunya foi identificada em 1952 a partir de um surto na África. Ao longo das últimas décadas, ela atingiu basicamente populações no sudeste asiático e em ilhas no Oceano Índico e no Caribe. Os primeiros casos no país foram detectados em 2013, no Amapá. Um ano depois, a doença já havia chegado a Feira de Santana, na Bahia, de onde, acredita-se, teria alcançado o Rio. O Ministério da Saúde identificou, até 28 de novembro, em todo o Brasil, 259 928 prováveis casos, a maioria nas regiões Nordeste e Sudeste. Os sintomas da virose (ver mais detalhes no quadro) são semelhantes aos das demais doenças transmitidas pelo mosquito, mas com consequências bem diversas para os doentes. Os primeiros sinais são febre alta e fortes dores nas articulações, sintomas que em 50% dos casos podem perdurar por vários meses. A doença também pode agravar outros problemas já existentes, como diabete, hipertensão, artrite e glaucoma. Pessoas com obesidade e idosos exigem mais cuidados, pois a infecção pelo vírus pode piorar quadros de doenças crônicas e levar à morte. A recuperação requer muito repouso e hidratação. Segundo Venâncio, deve-se evitar a automedicação e não interromper nenhum tratamento de uso contínuo. Assim como o zika, há um alerta para as grávidas. “Se a mulher tiver a doença nas últimas semanas de gestação, a possibilidade de passá-la para o bebê é grande. Nesses casos, há risco alto de morte da criança”, alerta.

    QUADRO Chikungunya
    QUADRO Chikungunya ()
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    Erradicado do Rio em 1907 com o trabalho do médico e bacteriologista Oswaldo Cruz, há trinta anos o Aedes aegypti voltou a incomodar os cariocas ao provocar as epidemias de dengue. As campanhas anuais de combate e controle do vetor estão nas mãos das prefeituras e vêm se mostrando ineficientes, assim como a rede pública de hospitais é sofrível. E a situação falimentar da administração estadual agrava tal cenário, pois as três doenças juntas podem provocar superlotação em serviços públicos de saúde, atualmente aquém da necessidade. O combate ao mosquito depende, em grande parte, da própria população, mas o governo do estado vem testando tecnologias para tentar minimizar o problema. “O Aedes já está totalmente adaptado ao ambiente urbano e nos cabe agora buscar um caminho para conter a contaminação da população”, explica Alexandre Otavio Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde. Entre as tentativas estão a utilização de mosquitos tratados biologicamente para interromper o ciclo de transmissão de vírus, um novo larvicida desenvolvido pelo Instituto Vital Brazil, uma armadilha elaborada pela Fiocruz que envenena os insetos e um inseticida biológico batizado de DengueTech. “Essa é uma luta complicada, mas a solução ainda está em acabar com a água parada”, pontua Chieppe. Apesar de o controle ser possível com uma medida conhecida e simples, o combate ao mosquito tem se mostrado uma tarefa hercúlea. ß

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