Dos 4 aos 18 anos, Rodrigo Goes jogou futebol nas categorias de base de alguns dos principais times do Rio, como Flamengo e Fluminense. Ao passar no vestibular, ele trocou os campos pela medicina. Formou-se em ortopedia, buscou especialização em lesões relacionadas ao esporte, e não demorou para retornar aos gramados. Durante onze anos, foi médico do Fluminense, de onde saiu em 2012. “Sou um atleta frustrado”, brinca Goes, que hoje se divide entre seus consultórios, no Rio e em Niterói, e presta serviço ao Comitê Olímpico Brasileiro. O médico ainda encontra tempo para atender gratuitamente os atletas do Instituto Reação, criado pelo judoca Flávio Canto para impulsionar a entrada de jovens de comunidades carentes como Rocinha e Cidade de Deus no tatame. “Há espaço a todo momento para fazer o bem”, acredita o voluntário, que participa do projeto há cinco anos. “Nem sempre oferecer dinheiro é a melhor opção. Eu dou o que sei fazer de melhor, no caso as cirurgias que realizo”, diz ele.
“Nem sempre oferecer dinheiro é a melhor opção. Eu dou o que sei fazer de melhor”
Esse, entretanto, não é o primeiro trabalho social de Goes. Ele já consultava, também gratuitamente, os atletas do Niterói Vôlei e do Niterói Rugby quando achou que poderia fazer o mesmo em um projeto maior. Procurou Canto, em 2012, e se ofereceu para ajudar. “Eu nem o conhecia, mas sabia que o instituto era sério”, explica o médico. Desde então, Goes recebe os judocas em seu consultório e, quando necessário, os opera. “Já fizemos 27 cirurgias, um número expressivo se levarmos em conta que, em um time de futebol, são feitas duas, no máximo, por ano”, afirma o ortopedista, cuja equipe o acompanha na ação. “Há muito trabalho para a gente ganhar dinheiro. Para o pessoal do Reação, é cortesia. E todo mundo participa numa boa, do anestesista ao instrumentador”, revela. Em breve, os atletas poderão contar também com a estrutura do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), em São Cristóvão. Com outros quatro médicos, Goes conseguiu permissão do Ministério da Saúde para levantar o Centro de Tratamento de Lesões do Esporte, que deve ser inaugurado ainda neste semestre. “Queremos cooperar com times da segunda divisão, da categoria de base. Aliás, o que me move para poder dormir tranquilo e em paz é a vontade de ajudar.”