O carioca tem sofrido com as obras na Zona Portuária, sobretudo enfrentando um trânsito caótico como consequência da derrubada da Perimetral. Porém, nem tudo são problemas. Com a remoção do viaduto, já se pode visualizar ? além do céu, que voltou a dar o ar de sua graça naquela área ? uma espécie de corredor cultural de museus, muito próximos uns dos outros. Ele se descortina em um trecho de quase 4 quilômetros, ao longo da frente marítima, nos arredores da via mais importante da região, a Avenida Rodrigues Alves. Aos espaços já existentes, como o Museu Histórico Nacional e o Centro Cultural Banco do Brasil, somam-se agora equipamentos em construção, a maioria deles devendo ficar pronta nos próximos meses, como o Museu do Amanhã e a Fábrica de Espetáculos, coligada ao Theatro Municipal.
A mais recente novidade foi o lançamento, há três semanas, de um concurso de arquitetura para reformar o prédio que será destinado a uma espécie de filial da Biblioteca Nacional. “A região tinha diversos imóveis, mas não havia interesse de investimento nem de uso naquele local. A partir do momento em que o município decidiu, oficialmente, pela revitalização da área, os proprietários, tanto do setor público como do privado, começaram a acreditar no potencial dessas edificações”, explica Alberto Silva, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp). Foi o que aconteceu no caso da biblioteca. O prédio da antiga Estação de Expurgo de Grãos do Ministério da Agricultura foi cedido à instituição na década de 80, para a expansão de sua capacidade de armazenamento. No entanto, ele sempre foi subutilizado. Com a atual reforma, o espaço (de cerca de 30?000 metros quadrados) abrigará o acervo de jornais e revistas e outras obras impressas, um auditório com 500 lugares, salas de exposição, ambientes para leitura, área de convivência, restaurante e livraria.
Equipamento cultural mais antigo da Zona Portuária, fundado em 1922, o Museu Histórico Nacional também tem boas-novas. Localizada na entrada de um futuro boulevard, a instituição acaba de receber da prefeitura um terreno que permitirá a exposição de todo o seu acervo ao público. Ali ficarão as salas de administração, a biblioteca e um auditório. Assim, o 3º andar do prédio original passará a ser usado como reserva técnica, aberta à visitação. “Essa região já era rica do ponto de vista cultural. Trata-se do lugar mais antigo do Rio, onde a cidade começou, mas isso permanecia de alguma forma com um manto de invisibilidade. Agora, com a revitalização, a área começa a florescer novamente”, afirma o secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão.
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